segunda-feira, 17 de setembro de 2007

ESCALANDO O MONTE - Caminho de Liderança

ESCALANDO O MONTE

Estava em férias em Ubatuba, praia do Lázaro num final de ano.
Havia três montanhas ao lado da praia (pra mim que não entendo de morro... tudo é montanha).
Fiquei na expectativa de um dos dias subir em um desses montes.
Preparei-me um dia de manhã, falei pra minha esposa e alguns amigos que ficariam na casa (de lá dava pra ver o cume do monte) e pra minha mãe e meus filhos que estavam na praia (também dava pra ver o cume) que esperassem uns 40 minutos e olhassem para o morro que eu iria estar lá.
E foi o quanto durou... 40 minutos de subida.

A ESCALADA

1- A subida foi dura, eu tive que subir agachado porque era muito íngreme a subida.
2- Quando o medo se apossava de mim eu começava a cantar para espantá-lo, bem como se houvesse algum animal.
3- Muitas vezes eu parava, porque a vegetação era muito cerrada e eu olhava para ver outras alternativas de caminho. Às vezes descia um pouco e retomava a subida por outro lugar.
4- Quando cheguei à metade do caminho, não havia tanta vegetação cerrada e já dava para ver o topo do monte, onde se podia ouvir o som de abutres e corvos que lá estavam. Peguei um pedaço de pau e prossegui.
5- Realmente depois de 40 minutos eu estava lá em cima. Estava molhado de suor e começava a chover, mas mesmo assim eu tirei e agitei minha camisa por uns 5 minutos sem parar na esperança de mostrar o meu sucesso para minha esposa, minha mãe, meus filhos e amigos. Quando cheguei a casa descobri que ninguém tinha me visto.
6- Gastei um tempo lá em cima orando e anotando as minhas experiências e decidi descer pelo outro lado da montanha. Era mais vertical a descida, mas eu estava cheio de confiança de tal modo que fui descendo. Depois de uns 10 minutos de descida eu cheguei num ponto onde não via mais o chão, por causa do mato cerrado. Foi quando, agarrado numa pequena árvore, pisei firme numa pedra grande, que se soltou e caiu... tuuuu.. tuuuuuu... tuuuuuu... tuuu.. tuu.. (o tuu é o barulho da pedra caindo). Foi quando entendi que não dava pra descer por ali e decidi voltar para o cume do monte.
7- Mas como voltar? Não dava pra ver nada e eu não sabia o caminho que fiz pra descer... Fui rasgando a mata de novo subindo. À medida que eu segurava alguns galhos eles simplesmente quebravam ou saíam com raiz e tudo na minha mão. Aprendi então a testar primeiro os galhos, dando um puxão e se fosse digno de confiança, me apoiar neles.
8- Como a subida era vertical, os galhos que me ajudaram na subida e na descida, muitas vezes também dificultavam a minha caminhada. Em um tempo amigos, noutro inimigos.
9- Consegui subir o monte de novo e descer pelo mesmo lado que tinha subido. Minhas mãos já estavam doendo e com bolhas, os meus calcanhares também estavam com bolhas de forma que era difícil andar com tênis e impossível sem eles.
10- Consegui descer às vezes andando, às vezes escorregando pelo monte. Ao pé do morro encontrei uma jaqueira, com enormes jacas. Tirei uma grande e a levei como troféu.

Depois de 1 hora de descida cheguei à casa que tínhamos alugado... Eu estava todo sujo, roupas rasgadas e todo machucado. Mas foi a experiência mais forte que tive no final do amo... e uma das melhores de toda a minha vida.
Aprendi muitas coisas...

1- Quem quiser subir ao topo precisa subir agachado: humildade e oração não são opções. Sem elas você simplesmente não consegue subir.
2- O louvor é, e sempre será arma de guerra. Podemos usá-lo contra o nosso medo e contra tudo aquilo que não vemos (demônios interiores e exteriores... etc).
3- Retroceder muitas vezes é necessário. Diminuir a intensidade da batalha muitas vezes é estratégico. Na história e na Bíblia muitas vezes mostra exércitos fugindo, como estratégia para levar o inimigo ao melhor local para uma emboscada.
4- Romper com nossos limites (falhas de caráter: mentir, ressentimento, falta de perdão, não saber dizer não... etc) é a parte mais difícil da subida. Em 1969 quando o homem foi à lua, o foguete gastou mais combustível para sair da camada gravitacional da terra (alguns milhares de kilômetros) do que para chegar à lua (alguns milhões de kms).
O topo não é só lugar de sucesso, presença de Deus e de glória. É também onde os abutres devoram os orgulhosos e prepotentes, que subiram desprezando os valores que Deus escreveu no nosso coração. O lugar de morte dos que acharam que haviam alcançado o sucesso definitivo.
5- Muitas vezes ninguém vai ver o meu sucesso e nem vibrar comigo das minhas realizações.
6- Tenho que estar atento às pedras que caem pero de mim, dando-me pistas para onde eu tenho que prosseguir ou não. Será que posso chamar de “pedras” aquela paz ou a falta dela que aparecem quando eu tenho que tomar alguma decisão importante?
7- As pessoas que estão ao meu lado precisam ser testadas antes, e se forem fiéis eu poderei colocá-las como minha retaguarda. Isso tem muito a ver com a liderança sim. Equipe competente, companheiros que compartilham valores.
8- As pessoas que nos ajudam a subir e a descer na vida um dia poderão ser obstáculos para que eu caminhe na vontade de Deus. Tudo a ver com Pedro e Jesus: Arreda-te de mim satanás...
9- Ninguém que sobe ao monte ficará intacto. Dores e feridas fazem parte do pacote da exposição e do “sucesso”. Até Jesus teve seu calcanhar ferido para que pudesse esmagar a cabeça da serpente!!!
10- O que eu aprendi com a jaca é que na próxima vez eu vou escolher algo menor como troféu, porque depois de todo esforço eu estava um bagaço e ainda tinha que levar a jaca para provar que tinha estado lá em cima.

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