sábado, 22 de setembro de 2007

O cristianismo nunca deveria ter existido

'Que reforma há a ser feita naquilo que não deveria jamais ter existido?', questiona Caio Fábio D’Araújo Filho em entrevista exclusiva. Para ele, o cristianismo é uma perversão e um estelionato contra o Evangelho de Cristo.

Caio Fábio afirma não crer em reformas, mas sim em uma Revolução do Evangelho.
O cristianismo é a cooptação feita culturalmente pelos gregos e politicamente pelos romanos daquilo que um dia havia sido apenas o Caminho, conforme o livro de Atos dos Apóstolos. Esta é a opinião do reverendo Caio Fabio D’Araújo Filho, apresentada em entrevista exclusiva ao site Teologia Brasileira.

"Reformar o cristianismo nada muda, apenas se adia o comprometimento radical que o Evangelho demanda", afirma. A própria Reforma Protestante, para ele, foi "um remendo de pano novo em veste velha". Em sua avaliação, o mundo não teve ainda a chance de conhecer o Evangelho conforme as dinâmicas livres e libertadoras do Caminho.

"Na hora em que milhões passarem a viver livres conforme o Evangelho, então, sem pai, sem mãe e sem fundador, a revolução se estabelecerá, sem sede, sem geografia, sem dono, sem tutor e sem reguladores da fé", diz o teólogo. "Não creio em reformas. Creio, sim, numa Revolução do Evangelho que só incluirá os cristãos se eles tiverem a coragem de desistir do cristianismo e abraçar o risco de apenas andar conforme a revelação da Graça de Deus em Cristo. Tal fé é desinstaladora demais para aqueles que vivem do negócio clerical cristão."

Leia a seguir a parte da entrevista com Caio Fábio:

Quais são os "penduricalhos" e modismos que impedem o avanço da Fé e quais pontos, em sua opinião, constituiriam a agenda de uma Nova Reforma?

Reformar o cristianismo nada muda, apenas se adia o comprometimento radical que o Evangelho demanda. A própria Reforma Protestante foi um remendo de pano novo em veste velha. E a tragédia embutida nisso é que o cristianismo, uma tentativa vitoriosa do diabo de diminuir a loucura da pregação e o escândalo da Cruz, manteve-se. O mundo não teve ainda a chance de conhecer o Evangelho conforme as dinâmicas livres e libertadoras do Caminho, segundo as narrativas dos evangelhos, nas quais o único convite que existe é para seguir a Jesus.
O que os cristãos precisam saber é que Jesus não teve interesse em algo que se assemelhasse à civilização cristã ou mesmo com a ‘Igreja’ como a conhecemos de 332 de nossa era até hoje.
O cristianismo já é uma perversão, transformando o Evangelho puro e simples numa religião com dogmas, doutrinas, usos, costumes, tradições imutáveis, moral própria e muita barganha com os homens. Pratica-se assim uma obra de estelionato contra o Evangelho de Cristo. É difícil imaginar que Jesus tenha qualquer coisa a ver com o que nós chamamos de 'Igreja', seja aquela que se abriga no Vaticano, ou sejam aquelas que têm tantas sedes quantos pastores, bispos e apóstolos megalomaníacos.
O ensino de Jesus, inversamente, é caracterizado por desinstalação, mobilidade, liberdade de aplicação sem legalismo, confiança do Semeador no poder da semente-palavra, ênfase na igualdade de todos, denúncia dos poderes religiosos e pertinência à vida. Na prática, isso significava a cura da mente, do corpo e do espírito. Significava o anúncio da destruição do Templo como lugar de Deus. Significava a beatificação de samaritanos e a demonização de religiosos sem coração.
A coragem revolucionária que o Evangelho demanda de cada geração é aquela que se lança ao vento e caminha pela fé, e que se dispõe a se deixar reinventar conforme o espírito do Evangelho, posto que ele não propõe uma religião, mas o Caminho. Isso significa que cada nova geração tem que ter a coragem de vestir o Pano Novo do Evangelho no seu tempo e beber o Vinho Novo do Reino em odres novos. Na hora em que milhões que assim crerem passarem a viver livres conforme o Evangelho, então, sem pai, sem mãe e sem fundador, a revolução se estabelecerá, sem sede, sem geografia, sem dono, sem tutor e sem reguladores da fé.
Não creio em reformas. Creio, sim, numa Revolução do Evangelho que só incluirá os cristãos se eles tiverem a coragem de desistir do cristianismo e abraçar o risco de apenas andar conforme a revelação da Graça de Deus em Cristo, conforme a Palavra do Evangelho. Tal fé é incompreensível pelas mentes viciadas no cristianismo e é desinstaladora demais para aqueles que vivem do negócio clerical cristão.

Ricardo Muniz é jornalista e Mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista.

Se quiser ler a entrevista na íntegra acesse: http://www.teologiabrasileira.com.br/materia.asp?MateriaID=162

4 comentários:

  1. É difícil imaginar que Jesus tenha qualquer coisa a ver com o que nós chamamos de 'Igreja'...(Rev. Caio Fabio)

    Sinceramente, isto me impactou!
    A cada dia, eu descubro que o que fazemos (como igreja)tem mais a ver conosco mesmos do que com Cristo! Ainda estou me perguntando que diferença temos da sociedade.

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  2. O que é a Igreja?...sei o que ela deveria ser (Extensão daquilo que Cristo é em nós!)...mas, nós não queremos ser essa extensão...e nos justificamos dizendo e se orgulhando daquilo que "SOMOS"!...não conseguimos enxergar aquilo que apodrece nossos corações!

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  3. Acredito que seus comentarios possa ser equivocados, este é o seu proprio ponto de vista, ignorando a verdade, sendo um ceticista, igreja não se constitui sozinha não são quatro paredes e sim dos irmãos que as constitui, nos cristão vivemos a lei da liberdade,

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  4. Partindo de Caio Fábio, qualquer afirmação que fizer a respeito de igreja, parece-me despeito de alguem que estava nos pincaros da glória e, por um ato que, não vale a pena comentar está onde está. Meu pastor na época me censurava por eu ter dois pastores: Ele e o Pr. Caio. Mas o caminho, temcomo doutrina básica: O amor, e o mesmo gera humildade e todos os sentimentos que esta em Os Gálatas.

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