quinta-feira, 3 de abril de 2008

A VAIDADE DO NOSSO TRABALHO PRA DEUS por Caio Fábio


Aquilo que é elevado entre os homens é abominação diante de Deus” — Jesus

A maior parte das coisas nobres que nos ocupam não tem valor diante de Deus, da vida como um todo, e, no final, para nós mesmos.

Nós, entretanto, cuidamos de nos dedicar a muitas tarefas da vaidade disfarçando-as de piedade.

As obras do homem são vaidades. Até mesmo as mais nobres são eivadas de vazio de real significado.

Jesus foi o único que viveu as obras de Deus e do homem, até a mais profunda plenitude, no limitado ambiente da existência como a conhecemos.

Ele, entretanto, nada fez!

Sim! O que Jesus fez?

Ora, qualquer discípulo dirá: Jesus curou. Jesus fez o bem. Jesus tirou gente da morte. Jesus deu a alegria do perdão aos que o procuraram. Jesus amou. Jesus morreu. Jesus ressuscitou e apareceu a alguns discípulos. Jesus ascendeu aos céus. Jesus é o meu Deus e Salvador! Jesus voltará! Jesus é o Alfa e o Omega! Jesus é Senhor de tudo e todos!

Aleluia!

Todavia, quase nenhum desses discípulos que confessam tais coisas como sendo “o máximo”, como sendo a obra de Deus por excelência — são capazes de celebrar as mesmas coisas em suas próprias vidas, a menos que elas se façam acompanhar de outras obras.

Quem cura deseja abrir um Centro de Cura. Quem faz o bem quer criar uma ONG. Quem prega tem que abrir uma Missão. Quem perdoa tem que escrever um livro. Quem se pensa morto pensa-se acabado, e deseja entrar para a História. Quem diz que crê na ressurreição foge da morte como pode, e ergue uma Edificação. Quem diz que Jesus voltará, vive sem esperança, embora almeje ser dono de grande Ministério.

Assim, a maior parte das coisas nobres que nos ocupam não tem valor diante de Deus, da vida como um todo, e, no final, para nós mesmos; pois, não são verdade e não são amor.

Para nós a obra de Deus é visível em números, em prédios, em estatísticas, em prestigio, em fama santa, em honestidade intelectual e moral, em interesse social, em escolha das causas do bem, em esforço pela expansão da visibilidade do “Evangelho”, em aparições de discípulos na grande mídia de modo “bom e digno”, em piedade visível aos sentidos mediante a aparência do bem, em dedicação às chamadas “causas da igreja” como “reino”, em serviço aos líderes ungidos, em planejamento evangelístico, em cursos teológicos, em belos templos, em meiguice estereotipada, em vaidades de ser, de estar, de pertencer, de possuir, de aparecer, de ambicionar, de conseguir, de morrer...

Uns querem ser os benfeitores, outros os curadores, outros os profetas, outros os mestres, outros os criadores, outros os melhores repetidores, outros os pensadores, outros os formadores, outros os edificadores, outros os construtores, outros os articuladores, outros os aprofundadores, outros os mais sensíveis, outros os mais ousados, outros os mais instruídos...

Mas ninguém quer fazer a obra de Deus.

A obra de Deus está em fazer a vontade de meu Pai, disse Jesus.

A Vontade de meu Pai...

Fazer a vontade do Pai é a obra de Deus.

Claro! Realizar a vontade é fazer a obra.

A vontade quer ser feita obra na vida do homem que tem volição. A volição humana casada e rendida à vontade de Deus realiza a obra do Pai.

Mas e a vontade do Pai? Quem a sabe?

Ora, essa é sempre a pergunta de quem não quer fazer a vontade do Pai.

É como a pergunta do jovem rico: “O que farei para herdar a vida eterna?” É como a pergunta do bom escriba: “Quem é o meu próximo?” É como a pergunta de Pilatos: “O que é a verdade?

A Sua Voz de faz ouvir em toda a Terra e as Suas palavras até os confins do mundo!

Até mesmo aquele que nada sabe da revelação de Deus, seja a escrita, seja a encarnada em Jesus, quando teme a Deus e busca o que é bom, sabe qual é a vontade de Deus.

A vontade de Deus se faz impulso operacional em todo aquele que o ama. Pois todo aquele (qualquer um) que ama, conhece a Deus, visto que Deus é amor.

Assim, quem ama é nascido de Deus; e, por isso, carrega a semente divina em si mesmo. E essa semente é amor.

Por isso quem ama conhece a Deus, é nascido de Deus, e, por tal razão, ama a todo aquele e a tudo aquilo que por Deus foi gerado.

Ora, quem quer que em qualquer lugar ou mundo tema a Deus e ame o seu próximo, esse conhece a Deus, pois, Deus é amor.

Assim, esse tal (sem nome, sem escola, sem revelação, sem instrução, sem ensino, sem filosofia, sem teologia, sem religião, sem informação histórica, e sem nada que julguemos essencial ao saber, ao ser, ao edificar, ao alcançar, ao ambicionar, e ao atingir), conhece a Deus mais do que teólogos, mestres, educadores, pastores, sacerdotes, eruditos, etc. — se esses sabem, mas não vivem; se instruem, mas não crêem; se confessam, mas não encarnam; se labutam, mas na inércia; se acumulam, mas não conduzem nada ao coração.

Para saber a vontade de Deus basta amar de verdade. Quem ama sempre sabe o que fazer. Mas amor aqui é amor. É amor conforme Deus.

Ninguém jamais viu um ser humano cheio de amor sem saber o que fazer!

O amor que não faz a vontade de Deus é romance religioso e teológico!

No fim, somente no fim, é que a maioria quase absoluta descobre — já na virada, na passagem — que labutou por importâncias que não importavam, e que deu de si ao que não era; pois, não realizava a vontade do Pai, mas apenas atendia às demandas das nobres ocupações dos que vivem para falar, dizer, almejar, ensinar, e lamentar, mas que nada fazem, pois, o que fazem não enche o coração, posto que o coração só se realiza na obra simples do amor.

O resto é a piedosa e vã nobre vaidade orgulhando-se de sua nulidade!

Sem amor nada me aproveitará!

Pense nisto!

Caio

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