domingo, 16 de agosto de 2009

Minha filha está grávida... e agora? - parte 2 por Roberto Lima


Quando soube que minha filha estava grávida eu fiquei muito triste, porque sempre prezamos a questão de virgindade para os nossos filhos, embora eu e minha esposa não tivéssemos casados virgens.

É engraçado que nós fizemos coisas erradas e não suportamos, às vezes não perdoamos nossos filhos que cometem os mesmos erros.

Acho que parte disso é nosso cuidado com eles, parte disso é hipocrisia nossa e parte disso é o que os outros vão dizer a nosso respeito.

Sendo assim, tive que tratar desses três assuntos quando fiquei sabendo que ela estava grávida.

Se fosse possível para o pai ele nunca veria sua filha grávida antes do casamento, aliás, se fosse só pela vontade do pai, a filha morreria virgem. Quem é pai sabe o que estou falando. Mas a vida não é assim.

Uma das coisas boas que vi no texto anterior é que Deus mandou Maria e José, através de sonho para o Egito. Que bela cena de proteção, não somente de Herodes que posteriormente faria uma matança de crianças para tentar matar Jesus, mas de toda uma comunidade religiosa que dava mais valor à lei do que à vida. Mais valor à tradição do que ao amor.

Que peso seria para José e Maria convivendo com seus parentes e amigos com um filho nascido bem antes dos nove meses...

As igrejas, principalmente evangélicas, consomem nossos jovens com um pensamento de santidade doente, que priva o ato sexual e os torna doentes por sexo. Castra seus membros mas definha suas almas. E quando algum eles transam são considerados leprosos.

Teve gente que veio dizer para nós que a gravidez da minha filha era retaliação do diabo... quanta ignorância, quanta hipocrisia... tudo isso porque nós não estamos mais frequentando nenhuma denominação... nossos cultos são feitos em minha própria casa e algumas vezes nas igrejas de alguns amados irmãos.

A questão do relacionamento sexual dos jovens evangélicos ainda vai gerar muita gente doente, muita gente escrava, muita gente hipócrita.

Nós vemos essa hipocrisia estampada na televisão numa outra religião na novela Caminho das Índias e debochamos dela, rimos e menosprezamos as crenças deles. Mas basta um simples olhar nas igrejas e conseguiremos ver todas essas características estampadas explícitamente nos cultos e convívio dos membros.

Hoje, assim como na novela, é mais importante esconder do que confessar, porque trouxa é aquele que se deixa pegar, enquanto os que escondem vão crescendo dentro das organizações religiosas.

Aqueles que confessam e seus pecados se tornam públicos são menosprezados e desprezados. Queremos que os fariseus nos representem, que os fariseus preguem, que os fariseus sejam nossos modelos... porque eles têm a arte de encobrir. Mas lembremos, é o publicano que normalmente sai justificado.

"Quanto mais uma pessoa se esconde atrás de uma máscara, mais será apreciada. É o que acontece na vida das igrejas. Quanto mais um líder é intocável, mais as pessoas os apreciam e querem aproximar-se dele. Quanto mais acessível e transparente, menos interesse suscita. Mas quando vivemos em família, as máscaras caem. A falsa espiritualidade não se sustenta. Mesmo líderes erram, são pecadores dependentes da graça de Deus e têm que pedir perdão."
Pastor Paulo Capeletti da Missão Cena, SP.

Por isso creio que muitas pessoas se protegem saindo das igrejas, porque a reunião dos "santos" é insuportável para os "pecadores" e não é por causa da presença de Deus no meio deles, porque Deus é amor, é porque deixaram de ser Casas de Misericórdias para serem empresas-religiosas-da-aparência-santa que não suportam ver manchadas as suas vestes de fama e dignidade moral.

A reflexão que este post sugere pode ser a seguinte... Que caminho eu estou decidindo trilhar como um dos alcançados pela graça de Deus: O Caminho da Verdade ou o Caminho das Indias?

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