terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Não aguento mais a minha igreja!

Não me identifico com a igreja que freguento. Na verdade não me sinto "alimentado". Descobri que não aguento as artificialidade do louvor, a falta de conteúdo das pregações, e a incrível falta de reverência. Na maioria das vezes fico constrangido de ser ö diferente" . No entanto, é uma igreja pequena que tem pessoas que considero muito . O Pastor, apesar dos pesares, é uma pessoa humilde e solícita. Sei que sou muito querido por todos, porém sinto-me um peixe fora dágua. A questão é: Vou pra uma Igreja onde eu tenha uma maior identificação? E a questão do dízimo? E se eu, ao invés de entregar na Igreja, usá-lo pra ajudar necessidados (inclusive parentes)? Vejo o dízimo como um reconhecimento da infinita graça de Deus na minha vida e gostaria de tua opinião sobre esse tema. Abraços

Júlio


Resposta:
Caro Julio

Se você não se identifica com a forma deles ministrarem o culto, tanto no louvor, nas pregações o que sobrou?
Comunhão com os irmãos fora do culto, momentos de oração, aconselhamento pastoral?
Se estivesse em dúvida eu colocaria os prós e os contra num papel e decidiria a minha permanência ou não. Mas no seu caso, pelas suas palavras vejo que você já decidiu que ali não é um lugar pra você.
E olha que eu não estou falando que a igreja é ruim. Você que é diferente mesmo! E por isso se sente mal e pode fazer os outros também se sentirem.
Há tempos atrás tinha um irmão muito rico que freqüentava uma modesta igreja, talvez não seja o seu caso ainda rsrsrsrs, e nos cultos ele se sentia bem, mas o relacionamento com os irmãos era complicado. Não havia ninguém com quem falar sobre os assuntos que ele achava interessante, nem para compartilhar experiências, porque tudo o que ele falava ou constrangia as pessoas, ou mostrava superioridade e arrogância por causa dos valores, ou porque as pessoas não entendiam o assunto que ele falava.
Bem, quando ele foi para uma igreja com vários outros empresários ele se sentiu tão bem como há muito tempo não sentia.
Ele tinha encontrado um lugar cujas pessoas compartilhavam interesses comuns.
É bem isso Julio.
A sua consideração pelas pessoas não deve mudar, e nem o pastor deixará de ter as suas virtudes, mas será que isso pode ajudar a definir a sua decisão de mudança? Acho que não.
Quanto ao dízimo a sua preocupação é não estar ajudando aquela pequena igreja? Se for isso entenda que o dinheiro do seu dízimo deve ser usado para pessoas, não para coisas.
Embora todos usem Malaquias para falar do dízimo e que temos que levar à Casa do Tesouro, ou à Casa de Deus, o conceito de casa de Deus no Novo Testamento não é mais um templo, mas sim pessoas.
E dar o dízimo num templo, e deixar que principalmente seus pais passem necessidade é farisaísmo. É a estória do Corbã, isto é, consagramos a Deus no templo e isso nos isenta de usar esse dinheiro para ajudar as pessoas. Jesus foi totalmente contra isso. Jesus está nas pessoas que estão necessitadas. O Único templo hoje para se adorar a Deus é em Cristo. Não somente o dinheiro, mas também seu tempo (que hoje é tão precioso quanto dinheiro) deve ser utilizado para AMAR A DEUS E AMAR AO PRÓXIMO. O resto meu irmão... é religiosidade.
Eu iria dizer que é só religião, mas até Tiago diz que a religião pura é cuidar dos necessitados (Tiago 1:27).
Eu tenho um irmão que é pastor e na sua igreja eles começaram a fazer campanhas em supermercado para arrecadar alimentos. A quantidade de alimentos arrecadados começou a ser maior do que as necessidades da igreja e ele decidiu fazer uma obra social com esses alimentos.
Me disse que queria fazer marmitex e entregar nos acampamentos dos sem-terra da região. Eu perguntei se ele conhecia os sem-terra e o movimento. Expliquei como eles funcionavam e ele entendeu que não gostaria de incentivar essa ideologia. Expliquei que ações assistencialistas devem ocorrer, mas elas normalmente geram pessoas abusivas, egoístas, folgadas envolvidas em mentiras para constranger doadores.
Disse a ele que tínhamos uma entidade em minha cidade onde apoiávamos os pais dos filhos que estavam abrigados em nossa instituição. Quando dávamos uma cesta básica à família ainda passava necessidade, pois era ainda pouca a comida. Mas quando dávamos a segunda cesta básica os pais paravam de trabalhar.
A dica que dei pra ele foi: Faça um levantamento das pessoas da igreja que realmente precisam de ajuda. Às vezes as pessoas não precisam de comida, mas de dinheiro para pagar algumas contas. Então lhes dê a cesta básica para que lhes sobre o dinheiro para as contas. Mais: Faça uma pesquisa séria com parentes dos irmãos ou com pessoas dos bairros em volta da igreja. Os realmente necessitados mesmo os que não pertencem àquela igreja devem ser ajudados. Acho que Jesus fica contente com isso. Sendo assim, temos a ajuda direta e direcionada para pessoas que realmente precisam, pessoas que conhecemos.
Não quero excluir totalmente o dar uma esmola ou dar algo que você sabe que vai ser mal utilizado por aquela pessoa. Quando achar que deve dar algo não pense no que a pessoa vai fazer com aquilo e nem obrigue a pessoa a utilizar do jeito que você quer. Quando der esmola deixe que Deus trate com a pessoa e se for o seu caso, assuma o sentimento de prejuízo. Sempre lembrando que NINGUÉM precisa saber a boa ação que você fez. Nada de testemunhar estas coisas. Isso é abominável, é nojento, é orgulho espiritual.

Concluindo: Em minha opinião você deve ir para uma igreja onde você poderá compartilhar a vida e crescer espiritualmente com saúde emocional e intelectual.
Quando sair da igrejinha não menospreze os irmãos dali. Nunca fale mal deles.
O seu dízimo e muito mais, você deve utilizar para abençoar os realmente necessitados.
Se vai ajudar mesmo, com seu dízimo ou com seu tempo, faça de tudo para não aparecer, "que não saiba a sua mão esquerda o que a sua mão direita fez", pois como Jesus mesmo disse, sua recompensa já terá sido paga.

NO RESTO, E EM TUDO, PROCURE AMAR AS PESSOAS.

Grande abraço

Um comentário:

  1. Excelente resposta sobre o dízimo!

    Quem dera todos tivessem essa opinião!

    abr@ços

    A. B.

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