domingo, 12 de dezembro de 2010

A solução de Deus por Harold Walker - parte 2


A Solução Apresentada

Pelos Profetas

Qual será, então, do ponto de vista de Deus, a solução permanente e definitiva para esta situação? Para responder, vamos analisar alguns dos muitos exemplos do Velho Testamento que falam sobre isto.

Os versículos 12 a 14 de Isaías 32 descrevem a lamentação que será feita diante da terrível destruição que virá por causa do pecado de Israel: Os palácios serão destruídos e o campo fértil produzirá espinheiros. Já os versículos 15 a 18 mostram uma outra situação onde vemos o deserto se transformando em campo fértil e justiça, paz e sossego vindo sobre o povo de Deus. Onde podemos encontrar a chave para uma mudança tão drástica? Depois de falar de destruição, passa logo para uma restauração maravilhosa, mas onde está a causa desta transformação? Encontramos a resposta no início do versículo 15: "...até que se derrame sobre nós o espírito lá do alto..." A destruição e lamentação vão durar até que o espírito seja derramado sobre o povo. A chave para transformar destruição em restauração é o derramamento do espírito lá do alto.


Agora leia Isaías 43 do versículo 18 até o capítulo 44, versículo 5. Nesta passagem podemos ver as emoções de Deus. Como ele oscila entre ira por causa dos pecados do povo e esperança por causa do seu plano maravilhoso! Nos versículos 18 a 21 ele fala que não podemos nos basear nas coisas passadas para predizer o futuro porque ele está para fazer algo nunca antes visto. Realmente, para concretizar seu plano de ter um povo para si mesmo e para seu louvor (v.21), algo novo precisa acontecer. Toda nossa esperança deve ser colocada nesta solução de Deus, na coisa nova que promete trazer à luz.

Nos versículos 23 a 28 Deus fala sobre a atitude rebelde e ingrata do povo, que peca contra ele desde o início. A menção e lembrança dessas coisas é o suficiente para Deus ficar desgostoso e declarar que foi por isto que entregou Israel ao opróbrio (v.28). Entretanto, no início do capítulo 44 ele muda totalmente de tom e começa a consolar e dar esperanças ao povo. Qual o motivo desta brusca mudança de tom? O povo se arrependeu? Voltou atrás e praticou obras de justiça? Não! Ele muda o tom de juízo para promessas maravilhosas porque tem convicção absoluta do sucesso de sua solução! "Não temas, ó Jacó,... porque derramarei água sobre o sedento e correntes sobre a terra seca, derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade..." (44.2,3). 

O que muda a situação é o derramamento do Espírito de Deus sobre nós. Deus está absolutamente seguro que isto vai criar o povo que sempre ansiou ter na terra. A promessa do derramamento do Espírito faz com que Deus passe a falar mansa e bondosamente com Israel ao invés de prometer juízo e vingança. Pelo Espírito ele os tornará agradáveis a si mesmo e Israel vai dizer: "Eu sou do Senhor".

Ezequiel 36.24-28 é outra passagem onde Deus promete restaurar a sorte do seu povo. Mas se ele prometesse apenas tirá-los das nações e levá-los de volta à sua terra não haveria muito motivo de alegria. As experiências passadas provam que novamente pecariam e seriam levados para o cativeiro. Por isto, além de prometer a restauração do cativeiro, Deus explica claramente o que fará para que nunca mais retornem ao cativeiro: "Ainda porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos e guardeis as minhas ordenanças, e as observeis" (v.27). Pelo Espírito derramado teriam força para fazer algo que nunca conseguiram fazer: guardar a lei de Deus. E isto tornaria possível a permanente morada de Deus no meio deles (v.28).

Joel 2.28,29 é uma passagem muito conhecida por nós, mas deve ter sido muito forte para os judeus que a leram antes da vinda de Jesus. Eles não tinham este tipo de menosprezo pelo Espírito Santo que nós temos por estarmos tão familiarizados com o mover superficial que vemos ao nosso redor hoje. Para eles até o nome de Jeová era tão santo que não podia ser pronunciado de qualquer maneira ou por qualquer pessoa. Eles sabiam o que acontecia quando o Espírito descia sobre os seus juízes e profetas. Era algo tão tremendo que produzia palavras e acontecimentos que até hoje nos comovem só de ler a respeito deles. 

E agora Joel está dizendo que na restauração do cativeiro Deus vai derramar este Espírito, não mais sobre alguns privilegiados profetas, mas sobre toda a carne: servos e servas, velhos e jovens, filhos e filhas. Isto deve ter sido quase inacreditável para os judeus e no entanto está claramente expresso aqui. Para os judeus sinceros, apesar de sua história de derrota e vergonha, havia uma tremenda esperança. Tudo isto seria esquecido e apagado pelo derramamento em massa do Espírito prometido por Deus. 

Pense bem. Se só o fato do Espírito ter sido derramado sobre alguns homens durante os séculos tornou os judeus um povo privilegiado e separado dos outros povos, o que não aconteceria no mundo se todo o povo estivesse cheio deste mesmo Espírito?

A Proclamação de João Batista

Há muitas outras passagens no Velho Testamento que confirmam esta verdade, mas vamos partir agora para o Novo Testamento. No início de cada um dos quatro evangelhos não conseguimos encontrar Jesus sem primeiro nos deparar com um homem rude e singular ¾ João Batista. Até mesmo no evangelho de João que começa nas alturas celestiais falando sobre o Pai, o princípio e o Verbo, este homem aparece logo no versículo 6. E qual o significado deste homem? Aproximadamente 400 anos depois que o último profeta do Velho Testamento se calou (Ml 4.4-6) João aparece para retomar o fio da meada no ponto exato. Malaquias profetizou a vinda de Elias para preparar o caminho para a vinda de Jesus e João veio para cumprir este ministério.

Assim como qualquer autoridade ou personalidade ao comparecer numa cerimônia importante vem precedida por outros mensageiros ou autoridades de menor escalão, também a vinda de Jesus, o Filho de Deus, foi precedida por muitos profetas culminando com o maior de todos ¾ João Batista (Lc 7.28). Ora, se João foi o maior profeta e se o ministério principal dos profetas era anunciar a vinda de Jesus, certamente o que ele tinha para falar era fundamental para se compreender o ministério de Jesus. Imagine-se no lugar de João, incumbido de dar a última palavra sobre Jesus. Como você o descreveria? Como aquele que morreria pelos pecados do mundo ou como aquele que curaria enfermos e ressuscitaria mortos, ou ainda como o filho de Deus encarnado?

Veja como João o anunciou, conforme o registro dos quatro evangelhos: Mateus 3.11; Marcos 1.7,8; Lucas 3.15,16; João 1.31-33. Entre todos os mais ricos e variados aspectos do ministério de Jesus, João destacou aquele que do ponto de vista de Deus e dos profetas antigos era o mais importante ¾ Jesus como o batizador no Espírito Santo. Todo o resto do ministério terreno de Jesus tinha esta finalidade ¾ tornar possível o derramamento do Espírito de Deus sobre o homem e assim cumprir todas as profecias do Velho Testamento. 

Deus jamais poderia enviar seu Espírito sobre os homens se Jesus não tivesse se encarnado, morrido pelos nossos pecados, ressuscitado para nossa justificação e subido aos céus para de lá junto com o Pai derramar esta promessa aguardada há tanto tempo. Mas o fato é que nossos olhos têm se desviado para os aspectos de perdão dos pecados e salvação do inferno em detrimento da atenção devida ao propósito final de tudo isto: tornar possível que o Espírito Santo, o Espírito de Deus, habitasse em nós, dando-nos sua natureza, seu amor, e fazendo-nos manifestar suas obras como povo neste mundo.

No Velho Testamento Deus não torna muito claro como ele faria este milagre de derramar seu Espírito sobre toda a carne. Ele simplesmente declarou que o faria e os judeus fiéis tinham de crer nisto e deixar os detalhes para ele. Porém, com a vinda de João Batista o plano começou a se delinear, pois João veio batizando em água na base de arrependimento e anunciando a vinda daquele que batizaria no Espírito Santo. Todos que aceitaram a mensagem de João Batista receberam Jesus com facilidade, mas os que rejeitaram João não conseguiram aceitar a mensagem de Jesus (Lc 7.29,30). 

O nome Messias ou Cristo significa Ungido e isto mostra que o fato dele ser ungido com o Espírito de forma especial era mais importante do que sua função de reinar ou vencer inimigos terrenos, como os judeus esperavam dele naquele tempo. De fato, a unção era para reis e Jesus é Rei, mas eles não entendiam que seu reino só viria através do derramamento do seu Espírito sobre um povo e através da sua união com este povo.

Então, o ministério principal de Jesus é batizar no Espírito Santo e por isto João Batista enfatizou este aspecto de seu ministério ao anunciar sua vinda. Mas note algo importante. Apesar do seu ministério principal ser batizar no Espírito Santo, Jesus não batizou ninguém no Espírito enquanto estava na terra. Para isto acontecer ele teria que morrer e ser glorificado (Jo 7.37-39). Jesus não veio para ser contemplado como um ser extraordinário que fez coisas que ninguém mais poderia fazer, nem tampouco como um exemplo para que tentássemos imitá-lo. 

Ele veio para tornar possível o derramamento do mesmo Espírito que estava sobre ele para que pudéssemos fazer as mesmas obras que ele fez e viver o mesmo amor que ele viveu (Jo 14.12-14; 17.22,26). Os discípulos ficaram tristes quando disse que partiria mas era necessário que ele fosse para enviar o Consolador (Jo 16.7).

Em Atos 1.1-8, temos as últimas instruções de Jesus para seus discípulos. Note como ele voltou a enfatizar a importância do Espírito ser derramado. No versículo 4 ele se refere à "promessa do Pai" e no versículo 5 diz que esta promessa é o batismo no Espírito Santo. A promessa do Pai é a solução definitiva de Deus anunciada por séculos pelos profetas diante do fracasso do homem em cumprir a lei. Nos versículos 6 e 7 os discípulos mostram desinteresse por este assunto e perguntam sobre a vinda do reino. E mais uma vez Jesus focaliza sua atenção neste ponto central: "Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo..." (v.8). A época exata quando viria o reino era assunto exclusivo do Pai, mas o derramamento do Espírito era o fato mais revolucionário que estava prestes a acontecer.

Diante de tudo isto podemos enxergar o dia de Pentecoste com uma perspectiva bem mais completa e obter uma compreensão mais profunda do seu significado. O derramamento do Espírito em Atos 2 era o cumprimento do Velho Testamento e dos evangelhos ¾ o alvo ou consumação do ministério dos profetas e do próprio Filho de Deus. No dia de Pentecoste a promessa do Pai foi cumprida pela primeira vez, provando que a obra de Jesus fora completa e eficaz. A pregação de Pedro demonstra isto, pois começa citando uma passagem do profeta Joel (At 2.16-21) e termina mostrando o derramamento do Espírito como prova de que Jesus ressuscitou e foi feito por Deus Senhor e Cristo (At 2.32-36). 
Por Harold Walker - www.revistaimpacto.com.br

Um comentário:

  1. Parabéns!
    Que artigo maravilhos, Deus te abençoe.

    http://vozdessageracao.blogspot.com/

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