sábado, 14 de março de 2009

Fique no prejuízo, isso é de Deus!


Em tempos onde a mensagem pregada nos púlpitos é a da prosperidade, com certeza esta minha palavra é contra cultura. Mas vamos lá.

Eu sempre participei de igrejas pentecostais e neo-pentecostais. Sempre fiz parte dos mais fanáticos, dos mais engajados na causa da igreja ou denominação que participava. Sempre fui de encabeçar as mudanças propostas pela liderança. Sempre fui de entrar no sobrenatural quando isso era uma oportunidade.

Participei dos grupos de oração, de guerra espiritual, de cura interior ou crescimento emocional, já cuidei de crianças, de jovens, de casais, tomei conta da livraria, fui diácono, missionário, professor, líder de células, líder de rede, etc... etc... etc...

Sempre fui o cara que entrava de cabeça em qualquer desafio financeiro. Já dei diversas vezes meu 13o. salário, dinheiro da poupança, dois dízimos, para comprar terreno, comprar salão, comprar aparelhagem de som, etc, etc, etc.

Sempre estive na espectativa que Deus iria me dar 10 vezes mais, 50 vezes mais, 100 vezes mais, conforme o desafio e profecia do pregador. Não sei dizer se um dia ganhei realmente o que foi profetizado, mas sempre tive pastores sinceros que, poderiam estar equivocados quanto à mensagem, mas eram verdadeiros no seu coração.

Não posso reclamar de nada, que fui sacaneado, que fui ludibriado, que fizeram lavagem cerebral, não, eu fiz porque quis achando que me daria bem. Fiz porque além de tudo sou safado e queria barganhar com Deus, sim. Queria ficar rico sem trabalhar, ser promovido sem merecer, ser reconhecido pela minha espiritualidade, ganhar um carro de oferta de um irmão rico, tudo isso baseado no princípio que se eu der pra Deus vou ganhar muito mais que se colocar na poupança.

Business, somente isso! Negócios!

Mas sempre fui um safado sincero com Deus, explico, era safado e não sabia, mas era também desejoso de realmente encontrar Deus, que era o que eu sabia. Nessa ânsia por Deus eu muitas vezes me questionava se tudo aquilo que estava vivendo era realmente Palavra de Deus e Evangelho. Porque, pensava eu, se fosse Palavra de Deus teria que funcionar no mundo inteiro independente da cultura, do estado de governo, da economia do país, da região em que se morasse, da escolaridade, da formação profissional, da condição financeira da família, etc.

Para ser Evangelho, Palavra de Deus deveria funcionar nos Estados Unidos, no Brasil, na África e na China. Em países capitalistas e em comunistas. Em países do primeiro mundo e nos sub-desenvolvidos.

Mas eu não encontrava esta ligação, este padrão sendo evidenciado em todo mundo. Por isso, quando pensava nisso, eu relaxava dizendo que era um bom investimento o que eu fazia, mesmo que não trouxesse o rendimento que os pregadores falavam. Dava dinheiro porque era bom investir no Reino de Deus.

Hoje é muito diferente os meus pensamentos com relação a dar dinheiro para as igrejas. Sinceramente não dou. Não quero dar oferta, nem dízimo, nem nada. E acho que isso é ruim! Acho que fiquei tão traumatizado que a minha mão foi contaminada pelas minhas emoções e adoeceu a minha liberalidade. Não cheguei ao equilíbrio nessa área ainda. Se este for o seu caso, ore por mim. Você sabe pelo que eu estou passando e quando orar por mim sei que Deus ouvirá.

Mas o que procuro fazer então? Ficarei à mercê dos meus traumas? Das minhas frustrações? Do banditismo que está por aí nas igrejas cristãs, principalmente evangélicas? Do mau pastor, do mau obreiro? Não!

Posso procurar aqueles que realmente estão pregando o evangelho de Jesus e incentivá-los investindo neles. Posso me voltar para aqueles que estão próximos de mim, exemplo meus parentes, amigos, colegas de trabalho e encontrar aqueles cujas necessidades eu posso atender, mesmo que tendo algum tipo de prejuízo.

Tenho encontrado no "algum tipo de prejuízo", Jesus. Porque? Por que a grande maioria das necessidades das pessoas, do meu próximo, exigem de mim mais do que eu posso dar como esmola.

A esmola eu dou daquilo que não faz falta pra mim. Esmola eu dou do que sobra. Mas quando eu me disponho a ajudar alguma pessoa na sua necessidade, sabendo que se eu deixá-la, ela não conseguirá sair do problema sozinha, aí eu tenho que dar mais do que as sobras que eu tenho.

E eu tenho buscado viver isso: Atender a alguma necessidade de alguma pessoa próxima a mim, que não conseguirá ou terá muita dificuldade de ter essa necessidade atendida por seus próprios meios e esforços.

Isso sempre me dá prejuízo! Sempre gasto muito mais do que poderia, tanto em dinheiro, quanto em recursos, como em tempo. Mas encontrei algo que devo fazer, porque para isso fui chamado.

Não faço isso para ganahr a salvação, NADA DISSO. Faço isso PORQUE eu fui salvo para fazer. Se não fizer... estou salvo do mesmo jeito.

Mas como não vou atender à necessidade do próximo sabendo de tudo o que Jesus fez por mim? Sabendo quem realmente eu sou e mesmo assim Ele me ama?

Como não atender ao chamado de Jesus para acolher os necessitados, os órfãos, os drogados? Se você fizer isso, vai saber o que é prejuízo! Vai ficar no prejuízo sim!

Esse tipo de pessoa come sem moderação, gasta sua energia elétrica, quando toma banho deixa a água escorrendo e com o nível inverno no chuveiro, mesmo quando não precisa. Usa seu telefone, seu carro, é mau cheiroso, pode até te roubar.

Mas não estou falando de pessoas achadas na rua, estou falando do seu primo, da sua tia, da sua sogra, do seu irmão, de algum amigo de infância que, tendo alguma grande dificuldade na vida, você o acolhe e fica no prejuízo por causa dele.

Isso é de Deus!

Quando esse tempo termina e essa pessoa sai da tua vida com gratidão, porque ele nunca teria como se reabilitar sozinho, pois não tinha ninguém para ajudar, isso é maravilhoso, é Reindo de Deus na terra é cumprir a sua missão, é dar propósito à vida, é ter valor!

Mas quando esse tempo termina e essa pessoa sai da tua vida sem gratidão, ou não quer mudar e pula fora do barco, desiste e volta para as drogas, deixa você com as contas pra pagar e some no mapa, fazendo parecer que tudo aquilo que você fez foi em vão, e você ouve um monte de gente te dizendo que sabia que não ia dar certo, que você quebrou a cara tentando ajudar... isso é maravilhoso, é Reino de Deus na terra, é cumprir a sua missão, é dar propósito à sua vida, é ter valor, é sentir o que o Papai sente com tantos filhos aqui na terra.

É compartilhar da dor de Deus pelo homem. É participar dos Seus sofrimentos. É tomar a ceia com Jesus que disse: Este é o meu corpo partido por vocês. Façam isso em memória de mim.

Você ajudou alguém que voltou as costas para você? E daí! As pessoas tomam as suas próprias decisões. Ajudar buscando atender as necessidades do nosso próximo é nossa missão. Fazendo isso não para alcançarmos a salvação, fazemos porque fomos alcançados por Jesus. Se fizermos esperando que as pessoas sejam gratas a nós, esperamos uma retribuição que pode não vir, e isso não pode mudar a nossa disposição de fazer o bem de novo.

Só gente boa de Deus consegue atender a esse chamado. Vamos voltar a cuidar das pessoas, pois Deus quer a gente engajado nesse serviço. Quero encorajá-lo a ajudar sem obrigar as pessoas a atenderem à sua expectativa de mudança. Ame-as e quando ficar triste e chateado por aglo que não deu certo, deixe na mão de Deus e continue fazer o bem.

Sempre esperamos a gratidão das pessoas, mas se ela não vier, fique no prejuízo, isso é de Deus!

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