terça-feira, 1 de julho de 2008

Ajuste de percurso em Willow Creek

29/05/2008 - 15:15 por Carlos Fernandes
Ajuste de percurso em Willow Creek
Bill Hybels reconhece: "Nós erramos".

O pastor Carlito Paes:"Os anseios e problemas das pessoas precisam ser respondidos de forma mais efetiva"

Uma discussão que já se tornou recorrente no segmento evangélico de uns 20 anos para cá está ganhando novos contornos. Nestas duas últimas décadas, inúmeras igrejas e ministérios cristãos têm adotado métodos de crescimento baseados em programas especiais e fórmulas de otimização. Alguns deles têm critérios semelhantes aos adotados no mundo corporativo: estabelecimento de metas, definição de público-alvo e qualificação de mão-de-obra, entre outros. É a busca pela chamada “relevância”, termo dos mais amplos significados e que passou a designar, para muitos líderes, a própria razão de ser da obra de Deus. Por outro lado, aqueles que questionam a institucionalização do Corpo de Cristo argumentam que nada é mais eficaz do que o bom e antigo Evangelho pregado por Jesus, fundamentado na vida devocional e no discipulado olho no olho.

Pois agora, uma das igrejas que melhor expressam a ênfase em métodos de treinamento e discipulado, a Willow Creek Community Church (WCCC), sediada em Chicago (EUA), acaba de reconhecer, publicamente, que as coisas não saíram exatamente conforme o esperado. A WCCC, dirigida pelo pastor e conferencista Bill Hybels – um dos mais requisitados preletores cristãos da atualidade –, é a ponta-de-lança de uma organização de alcance internacional que envolve mais de 12 mil igrejas associadas, representando 90 denominações em 35 países, inclusive o Brasil. Há pouco tempo atrás, Willow Creek divulgou os resultados de um estudo qualitativo sobre seu ministério. O principal objetivo de iniciativa era saber que programas e atividades da igreja estavam realmente auxiliando pessoas a amadurecer espiritualmente e quais não atingiam essa meta. Os resultados foram publicados em um livro, Reveal: Where Are You? (“Revele: Onde você está?”), de co-autoria de Greg Hawkins, pastor executivo da Willow Creek. Hybels chamou os resultados de “estrondosos” e “inimagináveis”, entre outros termos de igual teor.

Em palestra no último Leadership Summit, em agosto – evento anual promovido pela Associação Willow Creek –, o dirigente resumiu os resultados desta maneira: “Algumas das coisas em que investimos milhões de dólares, pensando que auxiliariam as pessoas a crescer e se desenvolver espiritualmente, não estavam ajudando tanto”. Segundo ele, os estudos mostraram que outros aspectos mais convencionais da vida cristã – e que não requerem tantos recursos financeiros e humanos – são justamente “as coisas pelas quais as pessoas estão clamando”. E confessa, de forma literal e taxativa: “Nós cometemos um erro. O que deveríamos ter dito e ensinado às pessoas quando elas atravessaram a linha da fé e se tornaram cristãs é que devem tomar responsabilidade para se nutrirem. Nós deveríamos ter cuidado das pessoas, ensinado-as a ler suas Bíblias entre os cultos, bem como praticar suas disciplinas espirituais mais agressivamente, de forma individual”.

Em outras palavras, Hybels reconhece que o crescimento espiritual não acontece da melhor forma quando os crentes tornam-se dependentes de programações elaboradas pela igreja, mas através das práticas antigas como a oração, a leitura bíblica e a comunhão – ou seja, cultivando relacionamentos com o Senhor e com os irmãos. E, ironicamente, estas disciplinas básicas não requerem estruturas dispendiosas ou milhares de funcionários para administrar. Após trinta anos criando e promovendo uma organização multimilionária dirigida por programas, medindo a participação das pessoas neles e convencendo outros líderes de igrejas a fazer o mesmo, é possível entender porque Hybels chamou esta pesquisa de “o despertar” de sua vida adulta.

Acesse o texto completo em Cristianismo Hoje.

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