terça-feira, 18 de agosto de 2009

“O Ferreiro” (Lynell Waterman)


Era uma vez um ferreiro que, após uma juventude cheia de excessos, resolveu entregar sua vida a Deus. Durante muitos anos trabalhou com afinco, praticou a caridade mas, apesar de toda sua dedicação, nada parecia dar certo na sua vida. Muito pelo contrário: seus problemas e dívidas acumulavam-se cada vez mais.

Uma bela tarde, um amigo que o visitara - e que se compadecia de sua situação difícil - comentou: "É realmente estranho que, justamente depois que você resolveu se tornar um homem temente a Deus, sua vida começou a piorar. Eu não desejo enfraquecer sua fé, mas apesar de sua crença e dedicação a Deus, nada tem melhorado."

O ferreiro não respondeu imediatamente. Ele já havia pensado nisso muitas vezes... Entretanto, como não queria deixar o amigo sem resposta, começou a falar e terminou encontrando a explicação que procurava. Eis o que disse o ferreiro: "Eu recebo nesta oficina o aço ainda não trabalhado e preciso transformá-lo em espadas. Você sabe como isto é feito? Primeiro eu aqueço a chapa de aço num calor infernal, até que fique vermelha. Em seguida, sem qualquer piedade, eu pego o martelo mais pesado e aplico golpes até que a peça adquira a forma desejada. Logo, ela é mergulhada num balde de água fria e a oficina inteira se enche com o barulho do vapor, enquanto a peça estala e grita por causa da súbita mudança de temperatura. Tenho que repetir esse processo até conseguir a espada perfeita: uma vez apenas não é suficiente."

O ferreiro deu uma longa pausa e continuou: "Às vezes, o aço que chega até minhas mãos não consegue aguentar esse tratamento. O calor, as marteladas e a água fria terminam por enchê-lo de rachaduras. E eu sei que jamais se transformará numa boa lâmina de espada. Então, eu simplesmente o coloco no monte de ferro-velho que você viu na entrada de minha ferraria".

Mais uma pausa, e o ferreiro concluiu: "Sei que Deus está me colocando no fogo das aflições. Tenho aceito as marteladas que a vida me dá, e às vezes sinto-me tão frio e insensível como a água que faz sofrer o aço. Mas a única coisa que peço é: Meu Deus, não desista, até que eu consiga tomar a forma que o Senhor deseja. Faça da maneira que achar melhor, pelo tempo que quiser... mas jamais me coloque no monte de ferro-velho."

Reirato do blog do Ezequiel Netto.

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