Acompanho a vida da Igreja Batista da Lagoinha desde 1985 quando lá estive pela primeira vez ministrando um seminário de louvor e adoração, por ocasião do lançamento de O Ministério de Louvor da Igreja. Durante anos participei de cultos e de encontros com o pastor Márcio Valadão, e ele mesmo ficou hospedado em minha casa dez dias, quando sua igreja era pequena. E lá fiquei outros dez dias, ministrando aos seus obreiros. Homem de visão. Homem de Deus.Ele é homem de sucesso. Em sua simplicidade, esse mineirinho com jeito de caipira desenvolveu um grande ministério, graças à sua humildade e desejo de aprender. Ana Paula era menina pequena… Mas, deixemos essas coisas para o passado. O fato é que a igreja da Lagoinha se tornou referencial de louvor e de crescimento em todo o mundo. Deus tomou esse pequeno pastor e levantou sua família, e hoje todos servem a Deus em alguma área ministerial. Parabéns pastor Márcio e a todos os seus. Parabéns Ana Paula; parabéns André.
Acompanhei também os primeiros anos do ministério Diante do Trono, e via com alegria a igreja brasileira singrando novas águas do mover do Espírito Santo.
Hoje, com pesar, vejo alguns ministérios singrando por outras águas.
Escrevo, porque meu senso profético e de justiça social está inquieto quando vejo os líderes brasileiros – e não somente o Ministério Diante do Trono, sutilmente se desviarem do próprio de Deus e da missão dada por Deus a igreja. Explico.
Vi num site de relacionamentos as fotos da viagem de um Cruzeiro Marítimo do Diante do Trono, e me entristeci. Não é ciúme. As pessoas têm direitos e podem se inscrever para um passeio desses; acho que seriam umas boas férias. No entanto, percebo que entrou um espírito de hedonismo na igreja, isto é, um espírito de prazer por prazer. Divertimento, luxúria, alegria, música, festa e – no caso do Cruzeiro a que me refiro, salões de jogos e divertimento! Com a desculpa de que se está consagrando as águas do mar para Deus! Isso foi o que ouvi! Não acredito ser esta a verdadeira intenção.
Outros ministérios já fizeram isso, levando os cristãos ricos a ouvirem mensagens de prosperidade e de sucesso em alto-mar. Como homem de Deus, meu senso de justiça social me incomoda. Sim, incomodado que estou com as injustiças sociais dos governos dessa nação; incomodado com a injustiça cometida pela igreja que deveria ser a capitã da justiça social. As fotos me causaram repugna espiritual. Chego a imaginar que espírito havia ali; o de Deus ou de Belial.
Mas, não apenas ministérios têm se destacado pelo luxo e prazer; os novos cristãos vivem nababescamente na luxúria, e do alto de seu hedonismo arrotam espiritualidade!
Porque, meus leitores, a igreja do primeiro século conseguiu evangelizar em cem anos todo o império Greco-romano, chegando até os confins do norte da Inglaterra, aos países onde hoje é a Rússia, ao extremo da Espanha e ao sul da China e Índia, tudo porque os cristãos davam tudo o que tinham em termos de recursos para que o evangelho fosse pregado. Não apenas para isto: A igreja é que socorria as crianças, especialmente meninas que eram abandonadas pelas ruas de Roma para morrerem; os leprosos, os fracos e desamparados. Os irmãos da igreja da igreja da Macedônia, a mais pobre das igrejas – quando não tinham nada mais para ofertar, ofertaram-se a si mesmos, afirma Paulo na carta aos Coríntios.
F. F. Bruce num de seus livros explica que nenhuma igreja mantinha autoridade sobre outra igreja e que o que as unia não era o clero, nem o poder central administrativo, mas um senso de responsabilidade espiritual e social. As igrejas mais ricas ajudavam as mais pobres, socorrendo seus fieis e ajudando-os nas cidades onde residiam.
O que diferenciava um profeta verdadeiro de um profeta falso, dizem os historiadores, não era porque anunciavam um milagre e este não acontecia; porque muitos profetas que não eram javistas – isto é, hebreus que adoravam a Jeová, nem cristãos, anunciaram milagres e estes aconteceram (Veja meu artigo no site sobre Falsos e Verdadeiros Profetas ), mas, o fator que evidenciava se eram verdadeiros era seu senso de justiça social.
Quando a igreja perde de vista sua missão, ou ainda quando continua com sua missão mas se deixa influenciar pelo hedonismo, que é prazer e luxúria, deixa de ser povo profético e passa a fazer parte do rol dos profetas falsos! Hoje existe uma grande igreja – falsa!
Que se comprem aviões às centenas para atender os povos pobres de zonas ribeirinhas do Amazonas; que se comprem caminhonetes potentes que consigam trafegar por estradinhas ruins; que se comprem barcos e mais barcos, com hospitais e clínicas flutuantes para atender os necessitados. Que se comprem equipamentos agrários e terras para estabelecer os camponeses expulsos das fazendas. Que se gastem os recursos da igreja na educação e escolas para os necessitados. Neste sentido, alguns milionários conseguem usar de sua influência para atender as comunidades pobres, mais que a própria igreja! Que se construam casas e mais casas aos que vivem na periferia das grandes cidades em tendas de plástico – inda que nunca se convertam, essas pessoas são filhos e filhas de Deus que merecem a atenção da igreja!
Agora, manter patrimônios por status religioso-social é desviar-se totalmente da missão que Deus tem para seu povo. Conheço pastores que oram pedindo a Deus uma moto para poderem cuidar de seu rebanho espalhado pelos sertões do Nordeste; conheço líderes que precisam todos os dias orar aos céus para que Deus lhes dê alimento para alimentarem os pobres e desamparados, verdadeiros dejetos da sociedade que não têm o que comer, não trabalham e nem ânimo têm para trabalhar! Uma pessoa mal-nutrida sequer tem ânimo para viver, quanto mais trabalhar!
E as igrejas investem em missões nacionais e estrangeiras, míseros reais, enquanto o patrimônio da denominação e dos pastores aumenta a cada ano. Esta inversão de valores precisa mudar. A maioria dos missionários denominacionais passa necessidades no campo missionário.
Arrependimento. Sim, Deus está chamando a igreja para que se arrependa de seus maus caminhos. Deus está convocando os líderes da igreja para que ouçam sua voz e vivam afinados com o que ele quer e não com o que a denominação exige.
Volte, Diante do Trono à sua missão na Índia; voltem ministérios televisivos à missão que lhes ardia no coração quando vocês eram jovens e sonhavam em evangelizar os povos. Lembrem-se dos dias e semanas de jejuns e de orações que vocês faziam, orando e intercedendo pelas nações e pelos povos do Brasil. Voltem à prática das primeiras obras – se não, diz o Senhor em Apocalipse – virei e removerei de vocês o seu candelabro. A igreja é o candelabro de Deus na terra. Deus irá tirar de vocês a igreja que lhes sustenta o luxo e o prazer!
Fonte: http://www.pastorjoao.com.br/123/?p=1220
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