terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Ssshhh!!! Estou tentando ouvir Deus por Dennis


SilenceNos últimos dias eu estava pensando muito nessa idéia de “experimentar a presença de Deus”. Tenho gasto anos tentando descobrir isso, e mais ainda, como trazer ela para o povo de Deus. Para mim, tudo começa e termina ali. Se nós verdadeiramente pudessemos entrar na sua presença e gastar tempo com Ele, como nossas vidas pessoais seriam diferentes. E se nós pudessemos trazer a sua presença para os lugares onde estamos, imagine os resultados. Eu confessoo que talvez tudo isso estivesse ligado com a minha idéia romântica de “avivamento”. Sei lá. Mas o desejo é forte. E o que despertou isso de novo em mim foi que eu estava estudando as maneiras que Deus tem se revelado ao seu povo durante a história. E nisso eu me encontrei diante de Elias.

Na história achamos Elias fugindo, querendo morrer e finalmente escondido numa caverna. Daí Deus pergunta a ele o que ele está fazendo ali, e Elias desabafa e no fim Deus o manda de sair da caverna e esperar. Nesse momento Elias desencorajado e deprimido está pensando, “Beleza, até que enfim, Ele vai me matar”. O doido é que se paramos para pensar Elias pediu a morte, mas nunca morreu e nós que não pedimos para morrer, morremos. Irônico. Mas, para o desapontamento de Elias, isso não era o que Deus ia fazer. Deus queria se revelar a ele, e fortalecer ele.

Então, temos Elias na montanha diante de Deus e vem um vento forte. Não era um vento forte tipo que bagunça seu cabelo, mas um em que pedras começaram se soltar da montanha. Cara, é isso que eu tenho sonhado quando penso numa galera junto clamando por Deus. E com certeza, era também o que Elias imaginava. Isso tinha que ser Deus. Mas não era. Deus não estava na tempestade. Depois veio um terremoto, isto tem que ser Deus, era meio óbvio. Mas, não era. Deus não estava no terremoto. Então veio o fogo. E todos de nós sabemos que o fogo é Ele. “Fogo consumidor”??? Mas não era. Deus não estava no fogo. Pensando bem, que decepção. Todas essas experiências e nada. Era tudo que a gente imagina que seria Deus. Era tudo que Pentecoste um dia seria, um vento forte, um lugar sacudido e línguas de fogo. Mas não era a presença de Deus. Finalmente, veio uma voz sussurrando. E Elias puxou a capa para cobrir o rosto, saiu e ficou na entrada da caverna.

É isso que me pegou. Deus não estava em nada que nós teríamos esperado. Por anos eu tenho tentado descobrir como experimentar a presença de Deus e fazer os outros experimentarem também. Tenho passado por fases de louvor misturado com Rock, “um som mais relevante”. Tenho tentado luzes apagadas ou com somente algumas coloridas ligadas. Tenho tentado passar clipes com projetores. Tudo que levou a galera ter uma certa experiência emocional. E é isso que eu erradamente pensava ser Deus, um sentimento, uma experiência emocional. Mas não era. É difícil admitir que o “vento forte” que derrubava pessoas, ou o chão tremendo devido o som alto, ou os clipes de Jesus sendo crucificado que levou pessoas a chorar não era Deus. Podiam ser coisas que apontava a Deus, talvez, mas não era Deus. Ao longo do tempo, vendo a falta de fruto, eu tenho que admitir que Deus não estava no meio e continua não estando, estamos somente mexendo com sentimentos. Um “encontro” constante. Todo mundo chorando por três dias para somente se desviar depois. Não é isso que eu estou atrás. Quero algo que gere mudança, que dê bons frutos. Eu quero mais do que eu chamo com carinho de “masturbação espiritual”, uma experiência que parece ser tão real que somente depois de um tempo você percebe que a coisa não era real.

Nós, por anos, conseguimos reunir muitas pessoas com a mesma intenção de encontrar com Deus, mas eu temo que tudo que fizemos tentando criar essa experiência fez nada mais do que impedir ela. Se Deus estava querendo falar, teria sido naquela voz como um vento suave. Mas naquela bagunça que fizemos, acho que parecemos mais com os adoradores de Baal, do que adoradores de Deus temendo a morte. Naquele barulho, como a gente ia ouvir?

Talvez seja a idade, não sei, mas estou chegando ao ponto na minha caminhada que eu detesto as próprias coisas que eu acreditei e até estimulei. Não que eu não gosto de um som pesado, gosto, mas não no meu tempo com Deus e certamente não na igreja. O que vemos é que através desse mover de “igrejas com propósitos” fazendo os cultos mais acessíveis aos incrédulos, e tentando segurar nossa galera bitolada em televisão e internet é que a igreja se tornou um lugar de entretenimento. O louvor não é para Deus. Perdoe-me se você é um líder de louvor, mas eu te desafio diante de Deus de falar que quando você está ensaiando durante a semana e na hora que você sobe no palco que você não está nem aí com o povo. A verdade é que nós cantamos para o povo. Nós criamos cânticos agradáveis aos seus ouvidos. Nós pregamos mensagens que tem menos conteúdo Bíblico cada semana. A coisa não pode ser mais rasa. Os pastores usam seus púlpitos para fazer uma galera viver longe de Deus, dar risadas e se sentir bem. Nós os convencemos que todos os seus sonhos terrenos são a vontade de Deus. Somos nada mais do que torcedores de palco, puxa sacos profissionais, políticos. Evitamos falar coisas doloridas ou ofensivas por medo que o povo não volte. Somos os Freddie Mercuries da geração, “Let me entertain you” (deixe me entreter você). É tudo sobre isso, entretenimento. Só que Deus não está no entretenimento. Ele não está nas piadas ou nas mensagens “pop-psicologia”. Ele não está nos vídeo clipes. Ele não está nas danças que falam “Olhem para mim. Olham como eu estou vestido como um anjo”. Deus está em Deus e isso se resume numa voz sussurrando.

Confesso que tenho uma grande dificuldade em visitar muitas igrejas hoje. Nunca vi produções tão bem preparadas e feitas. São impressionantes mesmo. Mas algo está obviamente faltando, só que parece que não é tão óbvio quando olho para todo mundo sorrindo nos seus lugares e contente. Mas bate em mim um sentimento forte que eu tenho medo de um dia não controlar e pular num banco fazendo minha melhor impressão de Maria Madelena gritando, “O que vocês fizeram com meu Jesus? Onde vocês o colocaram?” Cara, eu não sei como as pessoas agüentam sem pirar. Será que todos de nós realmente estamos enganados ao ponto de pensar que o vento, terremoto e fogo é Ele? Ou será que é mais conveniente nem questionar?

Nada mais eu quero do que sentir Deus nos lugares onde os seus seguidores estão reunidos. Mas, duvido que vou. Enquanto o foco estiver no homem e agradando ele com o culto, temo que Deus vá ficar longe. E a minha experiência até hoje tem provado isso. Os lugares mais cheios e mais barulhentos são os lugares que as minhas emoções mais pulam, mas meu espírito murcha, e meu coração pesa.

Nós temos que chegar um ponto em que não queremos mais trocar experiências sentimentais pela coisa real. Eu quero Deus e eu quero experimentar ele. Eu quero ouvir a sua voz. Mas, eu não posso enquanto você está fazendo todo esse barulho. Eu não posso enquanto você está colocando “eu” no centro da programação querendo saber do que eu pensei da musica ou da dança ou da mensagem. Eu quero saber do que Deus pensou da música, da dança e da mensagem.

Somente quando os que ficam na frente pararem de distrair o povo do que é realmente importante e acalmar a poeira, que poderemos sentar quietos na sua presença e talvez, talvez, ouvir a sua voz. Ssshhhhhh. Eu quero ouvir Ele.

Fonte: TV Impacto

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