terça-feira, 19 de abril de 2011

A igreja em Fluxo por Roberto Lima


Em fevereiro estive num encontro de pastores e líderes de igrejas tanto históricas, como católicos, como grupos que reunem em casas e outros grupos independentes.

Conheço esse pessoal, há seriedade em buscar caminhos alternativos para a igreja de hoje. Há angustia e agonia por sofrer pelo estado em que se encontram as igrejas pelo Brasil e pelo mundo. Também há ansiedade pelo novo que pode acontecer em lugar com alguém introduzindo a igreja num tempo sem manchas e nem ruga.

Alguns pontos, depois de alguns meses ruminando tudo o que foi dito, gostaria de abordar:

A PASSAGEM DO BASTÃO

Algumas das pregações feitas por aqueles irmãos denotavam uma grande preocupação, em abrir espaço para que a nova geração pudesse ser a protagonista desse novo tempo, entendendo que talvez, esse seja o propósito agora de seus ministérios.

Davi foi um dos que pensaram em abrir espaço, conduzindo, planejando, captando recursos, para que seu filho Salomão cumprisse aquilo que era seu sonho mas que não realizaria.

Para mim é importante ver homens que estão dispostos a serem coadjuvantes com seus ministérios na história do Brasil, hoje que a maioria já se debandou para o LADO ESCURO DA FORÇA, buscando a força política, econômica para tornar seus nomes conhecidos e reconhecidos.

Fico feliz em ver pessoas se preocupando com a próxima geração que deverá redefinir o conceito de igreja, de crente, de evangelho, de missão, porque hoje, definitivamente está perdido.

Homens maduros que, frustrados com seus próprios ministérios, com seus próprios sonhos, com seus próprios planos vivem com a interrogação ainda do que fazer? Sendo que o modelo de igreja que vivemos não funciona como ORGANISMO e mesmo depois de décadas, pregando e tentando, ainda não conseguiram encontrar uma forma de ligar a chave da verdadeira IGREJA.

É como seu João Walker dizia: Embora vivamos como a igreja de Atos (sem formalismo, partindo o pão de casa em casa...) falta nessa igreja os homens de Atos.

SOBRE A IGREJA DE HOJE

A proposta colocada foi que não atacássemos a igreja de hoje pois ela ainda tem sido uma forma de propagação do evangelho e apoio aos necessitados.

Embora cresçam os DESIGREJADOS (dos quais me incluo), sendo que até existem nas livrarias prateleiras cheias de livros sobre isso agora, precisamos nos conter de falar mal das igrejas.

Na minha opinião os DESIGREJADOS é a moda atual? Sim, é a moda... mas muito mais do que isso é também um movimento... e gostaríamos que fosse muito mais... que fosse uma revolução. Mas isso não acontece por causa dos homens somente, isso deve ser produzido pelo Espírito Santo, porque senão não produzirá frutos para Deus. E é isso que queremos.

Mas a proposta dos irmãos é: Abaixar as armas contra a igreja institucional embora não devamos apoiar a sua continuidade. Porque a dinâmica do mundo é tão grande nesse período da história, que crêem que o conceito de igreja estará sendo reescrito na próxima década. Por isso devemos estar preparados para entrar num outro período e experimentar algo novo como igreja local, ou grupo de irmãos que se reunem em nome de Jesus.

Também o conceito de Missão deverá ser reescrito. A forma como se faz missão e toda a sua estrutura já não atende às demandas e expectativas do evangelho. Tudo está em fluxo e será redefinido.

PESSOALIDADE

Creio que é até por causa dos nossos conceitos errados de igreja, de irmão, de evangelismo, nós perdemos o amor ao próximo, porque perdemos a disposição de tratar qualquer pessoa como pessoa. E qualquer necessidade dela como algo importante sem que antes coloquemos rótulos nela.

Pessoalidade é tratar qualquer como pessoa antes de tudo.

Pessoalidade é tratar a pessoa como pessoa sem querer obrigá-la a se tornar membro da sua igreja ou obrigá-la a mudar para continuar a ser seu amigo ou frequentar a sua casa.

Tratar alguém com pessoalidade é respeitá-la. É tratá-la sem rótulos.

Eu creio que talvez isso possa criar um movimento, como se fosse o mundo bilhões de peças de dominó em pé uma ao lado da outra, e o tratamento com amor ao próximo, com pessoalidade como falei, possa fazer com que as pessoas, em gratidão, ajam da mesma maneira com outros e assim possa provocar uma reação em cadeia que atravesse fronteiras, línguas e credos, e isso tome o mundo.

Quem sabe, ainda poderemos ouvir de todos os cantos da terra que, "aqueles que transtonaram o mundo chegaram até nós".

PROJETOS

Outra coisa abordada foi a possibilidade de trabalharmos com projetos sócio ambientais nas igrejas locais.

A proposta aqui seria o trabalho em rede, buscando o que os outros têm de melhor e articular parcerias para a realização de projetos, minimizando custos de estruturas e de pessoas.

É claro que estamos longe do ideal, porque a maioria dos líderes de igreja hoje estão lidando com muita coisa que não tem competência. E isso torna os projetos falhos em qualquer uma de suas etapas:
Elaboração, planejamento, legalização, articulação e realização.

Temos muita gente com boa vontade, mas pouca gente competente.

Isso é tentar fazer as coisas para as quais não foi chamado. É o caso do Rei Uzias que ficou leproso após ter entrado no templo e querer oferecer incenso no lugar do sacerdote.

As empresas já sabem disso, coloque as pessoas onde elas são competentes e elas produzirão mais. Outra: Use as ferramentas adequadas para os serviços e parte do custo de retrabalho, tempo gasto e acidentes será reduzido e o serviço sairá com mais qualidade.

MINHAS CONCLUSÕES:

Voltei motivado em ver que as minhas convicções (de desigrejado) estão mais dentro da proposta do Evangelho e do futuro do que pensei.

Não preciso ficar na luta com o presente (situação da igreja atual), posso caminhar construindo novas bases confiantemente pois as mudanças virão, e espero estar pronto para recebê-las e ajudar a consolidá-las.

Se Deus quiser me usar, Ele vai ter muito trabalho, pois sou homem pecador e duro de entender a Sua vontade. Se ainda sim quiser me usar, espero na sua bondade e misericórdia em fazê-la, não na minha capacidade.

E se Deus quiser usar outra pessoa, ou outra geração, que assim seja, porque não estou aqui para estabelecer um monumento ao meu nome.

Espero, em tudo, não atrapalhar ninguém de buscar a Deus e seguir a Sua vontade.

Assumo para mim mesmo a frase que o robô Andrew, interpretado por Robin Willians, no filme O HOMEM BICENTENÁRIO, quando esteve diante do tribunal mundial onde espera a sua sentença de ser declarado GENTE disse: "Isso fica feliz em ser útil".

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