quarta-feira, 1 de junho de 2011

Revolução Espanhola e Transitions Towns: O que isso tem a ver conosco?


A Revolução Espanhola- Maio/2011

O mundo em transição

O movimento inglês Transition Towns, criado e disseminado pelo inglês Rob Hopkins, transforma cidades em modelos sustentáveis e independentes de crises externas

Imagine cidades inteiras sustentáveis, baseadas no comércio local, independentes do petróleo e de importações de alimentos. Pois elas já existem graças à visão e ação de Rob Hopkins, criador do movimento Transition Towns (Cidades em Transição). Assustado com a dependência exterior do Reino Unido em combustível e alimentação e sabendo que esse cenário de mudança climática e escassez de petróleo só irá piorar nos próximos anos, Rob decidiu que apenas suas ações individuais como permaculturista não iriam bastar.

Com a sua vasta experiência em ecovilas e como professor de universidade, construiu um plano de mudança com o objetivo de alcançar a resiliência que, neste caso, significava a capacidade de sobreviver a choques externos como a escassez do petróleo, crises na produção de alimentos, falta de água e energia. Incluiu, nesse plano, todos os setores da sociedade - governo, setor privado e cidadãos - e todos os aspectos da vida cotidiana - saúde, educação, transporte, economia, agricultura e energia.

Sua primeira vitória foi em 2005, em Kinsale, na Irlanda, onde ensinava na universidade local, com a histórica decisão que levou o município todo a adotar o movimento como seu plano de gestão. Hopkins mudou-se então para Totnes, na Inglaterra, e transformou-a em vitrine do movimento. Devagar, a cidade de 8 mil mil habitantes pretende chegar em 2030 totalmente transformada e independente. Hoje já são mais de 110 cidades, bairros e até ilhas em 14 países do mundo convertidas na Transição.

O conceito é simples - apesar de trabalhoso - e flexível. Segundo Hopkins, cada comunidade adapta os doze passos iniciais do movimento à sua realidade e capacidade. Esses itens são apenas guias de como começar a quebrar a nossa dependência do petróleo, revendo os modelos de economia, comida, habitação e energia. Assim, essas cidades funcionam tanto no Japão quanto nos Estados Unidos ou no Chile. A idéia é parar de depender - ou depender minimamente - da tecnologia e voltar ao tempo onde não precisávamos de geladeiras, carros, tratores e aviões. Técnicas e conhecimentos dos nossos avós e ancestrais são valorizados e resgatados.

Uma das frentes do movimento reeduca a população e estudantes em aptidões como costura, gastronomia, agricultura familiar, pequenos concertos e artes manuais como marcenaria. Iniciativas incluem a criação de jardins comunitários para plantio de comida, troca de resíduo entre indústrias ou simplesmente o reparo de itens velhos, ao invés de jogá-los no lixo. O investimento em transporte público e a troca do carro pela bicicleta é inevitável para a redução das emissões de carbono. Em Totnes até uma nova moeda - a libra de Totnes - foi criada para incentivar e facilitar transações com produtores locais.

Diferente dos fatalistas que prevêem o fim do mundo em 2012 ou quadros horríveis de fome, seca e morte, os adeptos do Transition Towns têm uma visão realista, mas positiva, do futuro. Acreditam na ação transformadora de comunidades e no trabalho pesado para mudar as estatísticas. Em entrevista exclusiva ao Planeta Sustentável, Rob Hopkins fala sobre a origem permaculturista do movimento e de seu futuro.

Como surgiu a idéia do Transition Towns?
Toda a idéia do movimento surgiu através do meu trabalho como permacultor e professor de permacultura nos últimos dez anos. Quando comecei a me aprofundar sobre a crise de combustível e mudança climática, as ferramentas de resposta sobre o assunto eram as de permacultura. Mas o que eu percebi é que, apesar de a permacultura ser o sistema de design ideal para isso, o movimento é ainda muito pouco conhecido e tem quase uma aversão embutida ao mainstream.

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