segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O Pobre e o Reino de Deus - 1

POBRES DE ESPÍRITO




Mateus 5


E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos;
E, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo: Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;

Gostaria de pensar com vocês sobre algumas coisas referentes ao Sermão da Montanha. Como Jesus começa a falar dos pobres, esse será o nosso começo.
Algumas perguntas ao texto nos ajudarão a ter uma idéia mais clara do contexto em que Jesus estava.
Para quem Jesus estava ensinando? Às multidões e aos discípulos.
Quem Jesus disse que eram bem aventurados? Os pobres de espírito.
E o que pertence aos pobres de espírito? O reino dos céus.

Você percebe que Jesus estava falando para um povo que se achava o povo de Deus, o povo escolhido, um povo que por ser judeu já se achava merecedor do reino dos céus?

Pois é, mas Jesus disse que o reino dos céus é dos pobres de espírito, em outras traduções dos humildes de espírito.

Quem são os humildes de espírito? São as pessoas que se põe no seu devido lugar, que não se acham melhor que as outras pessoas, que se põe em posição de serviço.

Ora, mas como alguém chega a este estado? Pode eu decidir agora ser humilde e a partir de agora serei? Claro que não, e daí temos mais uma qualidade ligada ao humilde: o quebrantado.


Salmos 51

Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.



Isaías 57

Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos.


Deus habita num lugar tão alto, tão alto, mas num lugar tão baixo. Ele habita nos céus dos céus, mas também no coração do quebrantado e contrito de coração.


O caminho mais perto para Deus é o chão. E é para ele que os que tiveram seus corações quebrados por alguma dor.


Enquanto muitos estão buscando fazer uma escada que chegue até Deus, o que é impossível, alguns o encontram num grito de dor, no nó da garganta, no suspiro angustiante, na lágrima que cai, no aperto dos olhos, no gemido quieto. E ele ouve o clamor de quem quer que seja.


E isso é fantástico e desolador para os religiosos. Deus ouve a qualquer um, em qualquer lugar do planeta, com qualquer religião, com qualquer raça, com qualquer língua.


Bem aventurados são os pobres de espírito, diz Jesus. 


Esses bem aventurados não tem religião, não tem credo, não tem liturgia, não tem doutrina, não tem igreja, não tem líder, mas Deus conhece, ouve e atende ao seu clamor.


Ah, mas eles podem estar invocando outros deuses!


... Por isso é Graça... é imerecido mesmo!


Onde quer que eles estejam, quem quer que eles sejam, o que quer que eles creiam... se forem pobres de espírito, o reino dos céus lhes pertencem.


O sofrimento é a melhor forma de Deus nos livrar de nós mesmos.


E, ao contrário do que se prega hoje, a boa vida, a falta de problemas e tribulações, o sucesso constante e a abundância de bens tornam-se um dos maiores impecilhos para que a pessoa se torne alguém humilde.


Humildade vem de humus. Humus é aquilo que era alguma coisa e morreu, apodreceu, se tornou inútil para si mesmo, mas para os outros é força, é vitalidade, é essencial para desenvolvimento sadio.


Já dizia o ditado: O homem a quem a dor não educou será sempre uma criança.


É claro que a dor intensa e a tribulação que não passa pode causar uma destruição na vida de uma pessoa que pode até enlouquecê-la.


Aí, então existe um contraponto. Se o reino dos céus consiste em pessoas pobres de espírito, também é para eles o reino dos céus, isto é, o poder de Deus, a alegria do espírito, os dons espirituais são as ferramentas do reino para eles.


Enquanto eles fazem parte do reino, o reino lhes é consolo, abrigo e fortaleza.

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