segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O Mistério do Espírito Santo: O Evangelho Por: John Walker


Este artigo na realidade é um estudo bíblico. É importante que  o leitor examine as escrituras citadas (que são numerosas) a fim de receber o beneficio  total da mensagem.

Em cinco ocasiões nas suas epístolas o apóstolo Paulo fala do “mistério”:
1.”…segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério guardado em silêncio desde os tempos eternos, mas agora manifesto” (Rm 16.25-26).
2. “Falamos a sabedoria de Deus em mistério, que esteve oculta, a qual Deus preor- denou desde a eternidade para a nossa glória” (1 Co 2.7).
3. “…    o mistério de Cristo, o qual, em outras gerações, não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, como, agora, se revelou no Espírito aos seus santos apóstolos e profetas” (Ef 3.4-5).
4. “…    a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou para que agora a multiforme sabedoria de Deus seja manifestada” (Ef 3.9-10).
5. “… a palavra de Deus: o mistério que esteve oculto dos séculos e das gerações, mas agora, foi manifesto aos seus santos” (Cl 1.25-26).
Este mistério é o Espírito Santo. Sim, o Espírito Santo movia sobre a face das águas na criação e inspirou todos os profetas. Mas Jesus se refere ao mistério do Espírito Santo em João 7.38,39: “Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva. Ora, isto ele disse a respeito do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito ainda não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado.”
Embora o Espírito de Deus estivesse operando no mundo desde o princípio da criação, o mistério do Espírito Santo só foi revelado depois de Jesus ser glorificado. O Espírito Santo é o relacionamento eterno entre o Pai e o Filho. O Filho de Deus foi concebido no ventre da virgem Maria pelo Espírito Santo e tornou-se o Filho do homem. Quando Jesus Cristo, o Filho, foi glorificado, isto é, crucificado e ressuscitado, ele subiu ao Pai, e o Espírito Santo foi derramado sobre seus discípulos. O Espírito do homem-Deus foi assim capacitado a habitar no coração dos homens.
O que foi revelado a Paulo foi o mistério do evangelho (Ef 6.19) — que Deus estava em Cristo (2 Co 5.19), e que Cristo está em nós (Cl 1.27), e que nós estamos em Cristo (Rm 8.1). Como? Pelo Espírito Santo.
O ministério do Espírito Santo começou quando Jesus entrou no mundo, pela encar- nação. Este ministério entrou na sua plenitude quando Jesus deixou o mundo. “Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros. Ainda por um pouco, e o mundo não me verá mais; vós, porém, me vereis; porque eu vivo, vós também vivereis. -20).
A dispensação da lei foi ordenada por anjos, pela mão de um mediador, Naquele dia, vós co- nhecereis que eu estou em meu Pai, e vós, em mim, e eu, em vós” (Jo 14.18Moisés (Gl 3.19). A dispensação da graça foi pelo Espírito Santo. Com a lei, Deus fala e o homem deve obedecer. Mas o homem não consegue obedecer por causa da distância que o separa de Deus. Porém, com a graça, o homem pode obedecer porque não há mais distância — Cristo está em nós pelo Espírito Santo. “Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4).
Quando cremos na verdade do evangelho, o Espírito da verdade (Jo 15.26) testifica e vem para habitar em nosso coração (Ef 1.3; Gl 4.6). Graça, então, significa nós em Cristo e Cristo em nós pelo Espírito cumprindo a lei (Mt 5.17).
Como o verdadeiro ministério do Espírito Santo esteve escondido até a vinda de Cristo, assim também aconteceu com a anatomia do homem espiritual. Outra vez, foi o apóstolo Paulo o escolhido para revelar esta verdade escondida.
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5.23).
“Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” (Hb 4.12).
Durante todo o Velho Testamento, não foi feita nenhuma distinção entre espírito e alma. Os termos eram usados como sinônimos. Mas quando o verdadeiro ministério do Espírito Santo começou com a vinda de Jesus, era necessário que se compreendesse o ser do homem, como sendo constituído de espírito, alma e corpo. O homem foi criado na imagem do Deus triúno, e é por isto um ser tripartido.
Watchman Nee ensina na sua obra “O Homem Espiritual” que o espírito do homem tem três funções: intuição, comunhão e consciência. A alma do homem também tem três funções: intelecto, emoções e vontade. Quando Adão escolheu conhecimento acima de vida (as duas árvores), ele perdeu contato com Deus e ficou focalizado em si mesmo (autoconsciência). Desde a “queda”, o homem vive no nível da alma, e seu espírito está dormente.
A revelação do mistério, o evangelho da graça, a lei do Espírito de vida em Cristo Jesus, divide ou distingue o espírito do homem da sua alma, e permite que o Espírito Santo habite no seu espírito, estabelecendo condições para que o espírito do homem governe sua alma, e conseqüentemente seu corpo.
Antes, quando o espírito do homem estava dormente, sem contato com o Espírito Santo, a alma dele não podia fazer nada diante das manipulações e dos enganos dos poderes das trevas (Ef 2.2; 6.12). Agora Cristo que derrotou todos esses poderes das trevas (Jo 12.31; Hb2.14), vive pelo Espírito Santo no espírito (coração) daqueles que crêem no evangelho ((Ez 36.26,27). A lei do Espírito de vida em Cristo Jesus superou a lei do pecado e da morte (Rm 8.2). O homem pode ser santo como Deus é santo (1 Pe 1.13-17).
John Wesley ensinava que santidade é amor perfeito, e com certeza isto é verdade. “A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei. Pois isto: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e, se há qualquer outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor” (Rm 13.8-10).
O evangelho, então, são as boas novas de que o homem pode ser restaurado da queda que produziu egocentrismo, e amar a Deus com todo seu coração e amar ao seu próximo como a si mesmo (Mt 22.36-40).
Quando o verdadeiro evangelho é pregado, o Espírito Santo testifica nos corações daqueles que crêem, e o amor de Deus é derramado (Rm 5.5). Este amor derramado entre os crentes produz uma família (At 2.44-47). Esta é a verdadeira igreja.
Agora, tudo isto são pensamentos lindos, mas a pergunta é como podem ser colocados em prática? Como a igreja pode ser restaurada, não só ao nível de Atos 2, mas ser preparada como a noiva de Cristo, pronta para sua volta (Ef 5.25-27)?
Witness Lee usava os termos “habitar” e “derramar” do Espírito Santo. A igreja começou no dia de Pentecoste com o derramamento do Espírito Santo (At 2.2-4; 8.14-17; 10.44-46). O resultado foi a habitação do Espírito Santo no interior (Rm 8.9; 1 Co 3.16; Gl 4.6). De modo inverso, nas fases progressivas da restauração da igreja, primeiro as Escrituras começaram a ser restauradas com Wycliffe no século XIV, e numa escala maior com Lutero no século XVI. Com a restauração da palavra de Deus, o Espírito Santo veio outra vez para habitar nos corações dos crentes.
Finalmente, no século XX, o derramamento do Espírito Santo foi restaurado.
Mas, ao entrarmos no século XXI, há uma outra fase do ministério do Espírito Santo que a igreja precisa experimentar a fim de se preparar para a segunda vinda de Cristo. O apóstolo Paulo exorta em Gálatas 5.25: “Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito”. Jesus disse: “Eu sou o caminho”(Jo 14.6). A igreja primitiva foi chamada “o caminho” (At 9.2; 19.9).
Podemos nascer de novo pelo Espírito e ter Cristo habitando no nosso coração. Podemos ser batizados no Espírito Santo e exercer diversos dons. Mas se o verdadeiro evangelho, a palavra viva, a espada do Espírito (Ef 6.17), não dividir a alma do espírito, podemos ser enganados e andar na carne, manifestando as obras da carne e não o fruto do Espírito (Gl 5.16-25). (Devemos compreender que “carne” significa aqui a alma que governa o ser do homem, ignorando o espírito.)
Não faz parte do âmbito deste artigo examinar Romanos 8.1-13 em detalhes. Mas esta passagem nos fornece um mapa muito claro do “caminho”.
A habitação interior e o derramamento do Espírito não produzirão efeito algum se não andarmos no Espírito, inclinando para as coisas do Espírito e rejeitando as coisas da carne. Não somos devedores para a carne, para viver segundo a carne. Esta é a palavra de Deus que não pode mentir (Tt 1.2), e temos a autoridade para dizer “não” para a carne e “sim” para o Espírito.
À medida que andarmos no Espírito, o fruto do Espírito será manifestado, que é principalmente o amor. O amor produzirá família. Creio que é isto que o apóstolo queria dizer, quando afirmou que o Espírito batiza no corpo (1 Co 12.12,13). A igreja é o corpo de Cristo, e quando a igreja se torna um com Cristo e uns com os outros, o mundo acreditará que Cristo é o amor de Deus enviado para salvar o mundo (Jo 3.16-17; 17.20-23).
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” ENTRE ASPAS “
Este amor inexaurível entre o Pai e o Filho inclui e até transcende todas as formas de amor que conhecemos. Inclui o amor de pai e mãe, irmão e irmã, esposo e esposa, professor e amigo. Mas também vai muito além das muitas limitadas e limitantes experiências humanas de amor que conhecemos. É um amor que cuida mas exige. É um amor sustentador mas severo. É um amor suave mas forte. É um amor que dá a vida mas aceita a morte. Neste divino amor Jesus foi enviado ao mundo, e por este divino amor Jesus se ofereceu na cruz. Este amor envolvente, que sintetiza o relacionamento entre o Pai e o Filho, é uma Pessoa divina, co-igual com o Pai e o Filho. Tem um nome pessoal. É chamado Espirito Santo.
O Pai ama o Filho e se derrama no Filho. O Filho é amado pelo Pai e devolve tudo que ele é ao Pai. O Espirito é o próprio amor em si, eternamente envolvendo o Pai e o Filho.
Henri Nouwen

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