domingo, 3 de agosto de 2014

O NARCISO SE CONVERTEU E VIROU COMPOSITOR DE MÚSICA GOSPEL

A história de Narciso é conhecida pelo homem que por admirar a própria beleza acabou morrendo por tamanha vaidade ao contemplar seu reflexo na água. A partir de então, tornou-se um paradigma de vaidade, derivando do seu nome uma terminologia comum a nossa época que é o Narcisismo, ou seja, a qualidade de se apaixonar demasiadamente pela própria imagem.

Algumas características são provenientes do Narcisismo, tais como a vaidade excessiva, a auto promoção, individualismo, egoísmo, uma equivocada auto imagem, a sensação de ser o supra sumo de todas as coisas e por fim a exacerbação do eu. Essas características são notáveis no cotidiano, vivemos em uma sociedade que valoriza muito a imagem, como se diz por aí: “Imagem é tudo”.

O mundo gospel, principalmente o mundo das músicas de grande sucesso também foi entorpecida por essas características. Não vamos nem falar da questão das performances e publicidades, vamos focar nas músicas que cantamos e como elas nos incentivam cada dia mais a alimentar essas péssimas características.

Eu, para mim, meu, são termos comuns às canções que cantamos em nossas igrejas. Está se perdendo cada vez mais o senso do nós e nosso, vamos nos individualizando no louvor e perdendo o senso de comunidade. Faça um teste no próximo culto, veja quantas músicas são cantadas na primeira pessoa do singular e quantas são cantadas na primeira pessoa do plural.

Prosperidade, benção, presentes de Deus, nada de dificuldades, provações e nem lutas, isso tudo cansa a nossa beleza. Muitas canções que cantamos é permeada por um viés materialista, do qual pedimos e pedimos a Deus como se Ele fosse um serviçal a nossa disposição, pronto para nos atender. Portamos-nos como um cliente que possuí a razão e esta sempre certo, pois esse espírito narcisista nos impulsiona a acharmos que somos o centro da adoração.

Sou mais que vencedor, vou vencer, esmagar o inimigo, nossas canções deixaram de exaltar o nome de Cristo e a obra de Deus e passaram a exaltar nossos atos, mudamos o alvo da adoração, antes adorava-se a Cristo, hoje cantamos como se fosse para Cristo, mas exaltando as nossas obras ou o que podemos fazer. 

Muitas canções falam do que podemos fazer e do poder que nos foi dado, mas esquece de citar quem nos deu esse poder e quem de fato é importante nessa história.

É por essas e outras que penso que o Narciso da mitologia grega se “converteu” e agora escreve a maioria das canções cantadas por nós, formando assim um imenso número de “adoradores narcisistas" que trocam o nós pelo eu e o nosso pelo meu, que ao contrário de Cristo não chamam mais Deus de Deus nosso e sim de Deus meu.


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