terça-feira, 28 de abril de 2015

A Saga do Filho pródigo, viciado, desobediente, bêbado, ladrão... por Roberto Lima



O filho mais novo pede ao pai a sua parte na herança. O pai reparte a herança entre os filhos. O filho mais novo pega sua parte e vai embora. Longe de casa ele abusa e torra tudo o que tem. Na miséria decide voltar para a casa do pai para ser pelo menos um empregado.

O Pai espera com ansiedade e recebe com alegria.

O filho mais velho olha a volta do irmão com desdém.

Parabenizamos o Pai nos apiedamos do filho mais novo e reprovamos o filho mais velho.

Este é o cenário ideal, mas e o cenário real?

O FILHO DROGADO, O PAI BÊBADO, A FILHA VADIA

Se você tem ou conhece alguma família que sofreu MUITO com algum membro dela entenderá muito bem o que aconteceu com o filho mais velho.

Imagine que esse filho mais novo que pegou a herança e dissipou é um irmão seu. Ele é viciado e por muito tempo deu dor de cabeça para seus pais e para os irmãos.

Roubava as coisas de casa, o dinheiro dos pais, aparecia totalmente drogado, batia e brigava com todo mundo, era ameaçado de morte etc etc etc.

Ele, enfim, pegou suas coisas e foi embora. Sumiu no mundo. Mas, agora está de volta e diz que quer nova chance.

Quanta chance a gente já não deu? Reclama você, o filho mais velho.

Outras perguntas e comentários são feitos pelos outros irmãos e parentes:

  • Porquê ele não ficou por lá?
  • Porquê temos que aceitá-lo de novo?
  • O problema voltou...
  • Ele já nos deu tanta dor de cabeça...
Os parentes podem estar cansados de aturá-lo. Os pais podem recebê-lo somente por sentimento de culpa ou por responsabilidade. Mas Deus, mesmo tendo sofrido tudo também, não tem problema em recebê-lo de novo, ao contrário, Ele tem alegria.

A complexidade de lidar com gente que causou tanta tristeza e decepção é muito grande. Fácil é dizer que temos que perdoar e colocar no mesmo lugar anterior, duro é lidar com tanta dor de alma.

A RECAÍDA
 
Quem já teve algum parente viciado ou bêbado sabe o que é a espera da recaída. os números definem  o grande desafio da recuperação, por exemplo do drogadicto. 

Bons Centros de Recuperação tem números perto de 40% de recuperados que se mantém limpos, mas a maioria ainda volta as drogas.

Parte disso é por causa da família, e a outra parte por causa do meio ambiente em que vive (a comunidade, os amigos, os locais de drogas, os assédios etc).

CIDADES DE REFÚGIO

A primeira vez que as CIDADES DE REFÚGIO aparecem na Bíblia é através de Moisés. O Senhor havia entregado a ele leis de retribuição iguais aos crimes, assim o parente de um homem morto poderia justificar o assassino.

A lei de Moisés (vinda da parte do Senhor) era um código de justiça, e a misericórdia não era então um conceito patente como se vê em nossos dias.
Ex.21:23-25 - Mas, se houver dano grave, então, darás vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferimento por ferimento, golpe por golpe.)
Apesar disso, as CIDADES DE REFÚGIO envolviam certa medida de misericórdia.
É evidente que Deus queria impressionar os filhos de Israel com a santidade da vida humana. Por fim a vida de uma pessoa, não intencionalmente, é algo muito sério, e as CIDADES DE REFÚGIO sublinhavam isso de modo enfático. Assim aquele que cometia sem querer ou por engano um HOMICÍDIO CULPOSO (sem intenção de matar) Num 35; 11 poderiam buscar proteção em alguma destas seis CIDADES.
A grande importância da existência dessas CIDADES fica claro ao serem citadas em quatro Livros do Antigo Testamento. As CIDADES DE REFÚGIO são uma ordem provinda de Deus e não uma mera invenção dos homens Num 35;9.
O próprio Deus foi quem cuidou dos detalhes de localização de cada uma das seis CIDADES DE REFÚGIO. A localização geográfica era estratégica, três do lado leste do rio Jordão e três na terra de Canaã. Num 35;13. O que foi acontecendo gradativamente com a conquista da terra.
Quando o Senhor entregou Canaã aos Hebreus, Ele ordenou que a terra fosse dividia em três partes, e cada parte deveria escolher uma CIDADE DE REFÚGIO. Dt. 19; 2-3. Assim foram instituídas as três primeiras: BEZER, RAMOTE E GOLÃ.
* A partir do momento em que outras terras de Canaã fossem dada aos Hebreus mais três CIDADES DE REFÚGIO deveriam ser acrescentadas. Dt. 19; 8-9
Os nomes dados as outras três CIDADES DE REFÚGIO que surgiram posteriormente foram: QUEDES, SIQUÉM E QUIRIATE-ARBA.
As CIDADES DE REFÚGIO não poderiam ser longe dos locais onde as DOZE TRIBOS se estabeleceram, para que no caso o homem que houvesse necessidade de fugir para ela, não fosse alcançado pelo vingador se sangue (o vingador de sangue no caso era o parente mais próximo da vítima que ansiando por vingança buscasse matar, o que por engano ou sem querer houvesse cometido o homicídio).
A preocupação em facilitar o acesso as CIDADES DE REFÚGIO, exigia que as estradas fossem bem cuidadas e com sinais claros: REFÚGIO! REFÚGIO! Além disso, havia atletas treinados em corridas para ajudar na fuga dos inocentes.
O indivíduo que chegasse à CIDADE DE REFÚGIO, na entrada da CIDADE deveria declarar porque razão estava ali. Assim os anciãos responsáveis por aquela CIDADE cuidariam para que ele tivesse proteção e abrigo. O vingador de sangue que violasse o recinto daquela CIDADE seria executado.
Tais CIDADES serviam como medidas judiciais auxiliares para ajudar o escape dos homicidas involuntários, quando os vingadores da vítima matavam sem misericórdia ao culpado sem temer a ação por parte da Lei.
Em qualquer uma dessas CIDADES o homem estaria seguro e ninguém poderia matá-lo. Dt. 4;42
Uma das características mais inclusivas das CIDADES DE REFÚGIO era o fato de todos quantos carecessem pudessem alcançar ali por MISERICÓRDIA, pelo tempo necessário ou até mesmo para sempre.
Martinho Lutero em 1529 quando estava escondido no castelo em Coburg escreveu o hino Castelo Forte aludindo ao refúgio que Cristo lhe estava dando naquele momento.
Neste hino, Lutero expressa o quanto podemos confiar em Jesus, nosso Castelo Forte, nosso Escudo e Boa Espada. Mostra também que quem nos defende é o Senhor dos altos céus, o próprio Deus e que o nosso grande acusador cairá com UMA SÓ PALAVRA!
PERDÃO E ACEITAÇÃO PELOS QUE NÃO O CONHECEM
O ideal é que toda pessoa possa ser perdoada... de novo... quantas vezes forem e ser recebida pela sua família. Mas quando isso não acontece, Cidades De Refúgio devem existir para acolher essas pessoas. 
Uma coisa é certa, é mais fácil alguém que não conhece o infrator se apiedar dele do que alguém da sua convivência.

Segundo, é mais fácil ele construir uma nova vida longe de casa por causa da ausência de críticas e julgamentos (embora cheios de fundamentos e motivos).

O passado é cruel e estigmatiza as pessoas. Por outro lado, se estou num ambiente diferente onde eu sou "limpo", onde as minhas contas estão zeradas, tenho a possibilidade de construir mais facilmente uma vida melhor do que a que tinha.

MISERICÓRDIA QUERO E NÃO SACRIFÍCIO

Nosso exercício de aceitação deve ser sempre com misericórdia.

Mas quando não houver capacidade estrutural e emocional de recebimento dessas pessoas devemos orar sempre para que Deus mande mais obreiros para sua obra, e entre estes aqueles que vão amar e aceitar nossos pródigos, drogados, bêbados etc.

Não estou terceirizando nossas responsabilidades, estou torcendo para que a situação pelos quais inúmeros pais passam possa ver regada com muita oração e fé.

Relembrando que o PAI vai receber nossos filhos pródigos, viciados, desobedientes, bêbados, ladrões e cuidar deles quando nossa impossibilidade existir.

Pois o AMOR TUDO SOFRE, TUDO CRÊ, TUDO ESPERA, TUDO SUPORTA.

Obrigado querido Pai porque o Senhor vai MUITO mais além com teu Amor. 

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