Me deparei nesses dias com um questionamento horrível: por que é que a maioria daqueles que experimentam um avivamento ou um mover de Deus, depois de algum tempo se tornam frios e indiferentes?
Eu mesmo fui participante de coisas sobrenaturais de Deus, de tempos de intensa comunhão, de arrebatamento de sentidos, de curas milagrosas, de expulsão de demônios e hoje vivo minha vida meio cético, muito frustrado com tudo e sem direção a seguir.
Vejo tantos amigos e irmãos que tiveram tantas experiências sobrenaturais em oração, em adoração, em vigílias, em cultos, em reuniões, em intercessão e hoje estão totalmente descrentes, frustrados e acreditando que tudo foi uma farsa ou que nada daquilo era real.
Por que isso acontece?
Encontrei também alguns amigos que, não conseguindo manter a fidelidade no casamento, tiveram casos extra conjugais e viram seu casamento falir.
Sua esposa diz: Ele nunca me amou, era tudo mentira! E aí ignora as décadas de amor, felicidade, parceria e harmonia que tiveram.
Fica descrente, fica amarga, fica fria.
Penso que nos dois casos há algo em comum.
E agora mesmo, escrevendo para vocês, me vêm lágrimas nos olhos e choro. Choro por entender que eu amei demais, que desejei demais, que tive fortes e intensas experiências com Deus e esperava que tudo terminasse em avivamento e arrebatamento e glória de Deus,
Mas não terminou... e eu agora ainda tenho que viver com o saudosismo do passado num presente sem aquela paixão arrebatadora.
Alguns podem dizer: Por isso prefiro a Palavra do que as experiências místicas.
É o mesmo que dizer que preferia nunca ter sido casado e traído do que ter vivido intensamente durante décadas um casamento feliz.
É o mesmo que dizer que preferia nunca ter um filho e amá-lo e ser amado e depois ter que enterrá-lo.
É o mesmo que não aceitar nenhuma profecia, ou acreditar em visões ou em sonhos porque algumas delas não se cumpriram na sua vida.
Pois é, eu não! Eu nunca trocaria o amor que senti! Eu nunca trocaria cada experiência do céu que me veio! Eu nunca trocaria cada experiência, mesmo que envolvida com muitas outras da minha própria alma, frutos da minha infantilidade e carnalidade.
Não posso negar o quanto fui feliz. Não posso negar o quanto fui amado. Não posso negar que faria tudo de novo, mesmo sabendo que um dia iria acabar.
Não gostaria de perder a chance de provar uma doce amora do pé, mesmo sabendo que não tem mais nenhuma lá, mesmo sabendo que não continuarei a desfrutar do seu sabor, mesmo sabendo que uma só não poderá saciar a minha vontade.
Pois é, tudo o que vivi não saciou a minha fome e sede de Deus, e acho que me senti traído por minhas emoções e teologia. Achei que o céu viria e engoliria tudo.
Talvez por causa disso eu tenha até ficado magoado com Deus e tenha aparecido esse ceticismo e frieza. Sei lá.
O que vivi, vivi. Pode nunca mais voltar a acontecer. Terei que viver todo o resto da minha vida com aquelas lembranças, ou se perguntando porque elas deixaram de acontecer, ou grato porque um dia elas aconteceram.
Assim como alguém que perdeu alguém muito querido: Por que ele morreu? Ou então, obrigado por ele ter vivido!
Assim como um casamento que se acabou: Por que ele me deixou? Ou então, foi muito bom enquanto estivemos juntos!
Acho que sempre vou preferir a viver intensamente, mesmo quando este intensamente se componha de altos e baixos, de muita alegria e muita tristeza, de muita força e muita fraqueza.
Acho que o equilíbrio passou longe de mim quando nasci. E o desequilíbrio me fascina. Quando saio de um extremo, olha eu lá no outro extremo...
Agora tenho que decidir como caminhar a partir de agora... e decido ser grato!
Tudo pelo que passei não foi engano... foi verdade!
Tudo que eu experimentei não foi ilusão... foi somente uma amostra!
Tudo o que vivi não foi porque eu mereci... foi porque Ele é bom!
Fico feliz por tudo o que aconteceu... e disposto a entrar no sobrenatural de Deus novamente, com ardor, com fogo no espírito, embora mais experiente, mais cético, menos disposto a me expor.
Mas olha eu aí... começando de novo... de novo!!
Talvez você possa começar de novo depois do seu luto, depois da sua separação, depois de você sair da igreja, depois de você ser traído...
Menosprezar tudo de bom que aconteceu é tão mentira quanto ignorar que doeu demais!
Mas hoje... que você lê esse texto, Deus te coloca no seu contexto e te diz: Nunca quis te machucar, nem te iludir... EU TE AMO! CONFIA NISSO! CONFIA EM MIM! CONFIA NO MEU AMOR!
Coração grato não só aformoseia o rosto mas faz a vida ter sabor, mesmo que seja somente uma, a amora no pé. Não perca a lembrança desse gosto, mesmo que não possa continuar a senti-lo!
Não é porque Deus é mal que não te dá mais amoras, é porque Ele é bom que te deu pelo menos uma para provar seu sabor.
Se isso é contigo... vamos reconhecer que foi gostoso o que de bom aconteceu e gratos nos desvenciliemos das amarguras e autopiedades e seguir em frente. Há muita coisa boa ainda pra experimentar nessa vida, e de novo.
O amor de Deus é a maior delas!
“Tirem as pedras e os espinhos e arem a terra, porque é tempo de buscar ao Senhor!
Porque aqueles que esperam no Senhor terão suas forças renovadas como as águias..."
Post escrito em sexta-feira, 30 de abril de 2010
Compartilho do mesmo sentimento
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