sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Futebol brasileiro dribla barreiras políticas e leva ajuda ao povo de Myanmar


Uma proeza maior que tornar-se campeão do mundo foi conquistada por um grupo de 17 ex-jogadores brasileiros, seis deles integrantes da seleção nacional, todos cristãos, em jornada realizada em Myanmar, país da Ásia cravado entre reinos budistas, e que em maio deste ano foi sacudido pelo ciclone Nargys. O que as forças internacionais foram impedidas de fazer pela Junta Militar que governa o país comunista, fornecer ajuda humanitária à população enlutada por mais de 300 mil mortes, o time brasileiro conseguiu ao levar ajuda financeira e alegria à região do Delta, área mais afetada pelo terrível desastre.

Capitaneado por Paulo Sérgio, campeão do Mundo em 1994 pela Seleção Brasileira, atualmente pastor e diretor do Ministério Atletas de Cristo, o time foi recebido em Myanmar por uma população carente de recursos e assistência, mas apaixonada por futebol e capaz de chamar pelo nome grande parte dos craques brasileiros.

O caminho fechado às muitas forças diplomáticas internacionais foi aberto pelo general e ministro responsável pela reconstrução do país, que com seus batedores escoltou a equipe brasileira até o Delta, onde com os pés literalmente na lama os jogadores puderam não só entregar a ajuda financeira inicial (composta de ofertas levantadas por várias igrejas) como abraçar e ouvir a história dramática das famílias atingidas pelo luto e perda de suas casas, que tentam sobreviver à fome e epidemias sem a necessária ajuda internacional.

Sobrevivendo em palhoças, em vilas cobertas ainda pela lama que restou do verdadeiro tsunami que cobriu a região, homens, mulheres e crianças com seus dentes avermelhados por folhas de fumo que mascam constantemente, viveram um momento inesquecível em suas vidas, recebendo da equipe brasileira não só ajuda material para a reconstrução de casas e escolas, mas também o Evangelho de Cristo através de oração e do testemunho que os generais não puderam perceber em meio àquele momento de comunhão proporcionado pelo Espírito Santo.

Além das clínicas esportivas realizadas pelos atletas, sob a coordenação do pastor Marcos Grava da Coalizão Brasileira de Ministérios Esportivos e Junta de Missões Mundiais, onde os atletas ensinavam práticas esportivas às crianças e adolescentes, outros missionários que compunham a equipe tinham a oportunidade de prestar o atendimento espiritual às famílias. Foram realizados dois amistosos com a seleção local na cidade de Yangon, maior cidade do país, que esteve lotado e cuja bilheteria foi revertida para a região afetada pelo ciclone. Antes das disputas, o presidente da Federação de Futebol de Myanmar falou sobre um sonho que acalentava há décadas, de levar uma seleção brasileira para jogar com seu povo, amante do futebol verde-amarelo. "Hoje este sonho está se realizando e é uma alegria inesquecível para nossas famílias", disse.

E a alegria não era menor entre jogadores, técnicos e pastores que formaram a equipe brasileira. Alguns jogadores, muitos deles famosos e tendo vivenciado momentos de fama e fortuna no futebol, após infância e adolescência de grande pobreza, se identificaram com o povo sofrido e criaram novo ânimo para o restante da jornada que ainda teriam que travar, a fim de garantir ajuda financeira mais substancial à reconstrução do país. Além de dois jogos em Myanmar, quatro outros jogos foram realizados na Tailândia, Vietnã e Malásia, onde a imprensa nacional sempre registrava a chegada dos craques brasileiros fazendo com que os estádios estivessem lotados e proporcionando ótimas bilheterias, também revertidas para a reconstrução de Myanmar.

Além disso, jantares beneficentes foram organizados com convites vendidos à preço de ouro, visando exclusivamente a ajuda humanitária a Myanmar. Na Malásia o embaixador brasileiro no país, Sérgio Arruda, juntou-se ao esforço da seleção cristã com sua esposa e filhos, participando, inclusive, de um leilão onde bolas e camisetas verde-amarelas, uma delas autografada por Pelé, foram leiloados como preciosidades com este mesmo objetivo.

Nos quatro países onde o idioma é formado por diferentes dialetos, e onde indianos, chineses e os naturais da terra se comunicam utilizando o inglês, a equipe não encontrou dificuldades para falar ao coração do povo e pregar abertamente o Evangelho, apesar da proibição formal imposta pelos governos comunistas e muçulmano. Foram realizadas 12 clínicas esportivas (escolinha de futebol) entre crianças e adolescentes, quando foram feitas orações e testemunhos com centenas de decisões por Cristo.

Como enfatizou o pastor Marcos Grava, os atletas que foram escolhidos a dedo por Deus através da Missão Atletas de Cristo, testemunharam através de seus autógrafos, acompanhados de mensagens bíblicas, de seu comportamento dentro de campo, quando se ajoelhavam e agradeciam a Deus pela esplendida colheita de gols (não houve nenhuma derrota), e também através de camisetas como as que usaram sob o uniforme oficial durante a disputa contra a eficiente seleção do Vietnã. Após a vitória por 2x0, os brasileiros tiraram a camiseta oficial exibindo às três emissoras de televisão do país uma camiseta branca com a inscrição "Jesus ama vocês".

Disposição e estratégia

A "Turnê da Esperança", como foi denominado este Projeto, foi viabilizada a oito mãos, ou seja, pelas quatro agências missionárias e ministérios brasileiros que são a AME, Coalizão Brasileira de Ministérios Esportivos, Atletas de Cristo, e Junta de Missões Mundiais, além do ministério malasiano Wawasan. Como informou o pastor Marcos Grava, este Projeto nasceu no momento em que a missionária Margaretha, presidente da AME, encontrava-se na Tailândia numa reunião da Coalizão de Agências Missionárias para socorro de países atingidos por catástofres, e ouviu falar sobre a dramática situação de Myanmar, onde toda a ajuda internacional era recusada pela Junta Militar.

"Ela me disse que ninguém entrava no país afetado pelo ciclone Nargys naquele momento, mas que poderíamos levar um time de futebol brasileiro, que nossa entrada no país seria liberada. Embora naquele momento eu estivesse totalmente concentrado em um outro Projeto preparado há 2 anos e 10 meses, o Conexão China, que envolvia a ida de 104 voluntários àquele país por ocasião das Olimpíadas, compreendi a importância desse apelo e disse que enviaríamos uma equipe ainda este ano. Fizemos, então, um contato com o ministério Atletas de Cristo, que selecionou os jogadores, não apenas por suas habilidades físicas e técnicas, mas também por seu testemunho e vida cristã", contou.

"A Missão AME cuidou de toda a documentação e estabeleceu contatos nos quatro países que foram fundamentais para nossa permanência, e também colocou à nossa disposição o intérprete Mário Maeda e os médicos Dra. Ingrid, missionária no Timor Leste, e Dr. Lincoln Myasaka, missionário no sul da Ásia, que se alternaram no acompanhamento à equipe. A própria AME, e a Junta de Missões Mundiais viabilizaram financeiramente a estadia e o transporte interno nesses países, o que incluiu quatro vôos e toda a logística da operação que foi um sucesso", acrescentou.

O único representante da imprensa brasileira a acompanhar este grupo foi o fotógrafo Nelson Cortês dos Santos, missionário da Igreja Batista e que também teve participação na "Conexão China" em setembro.

Ele documentou em detalhes toda a obra de evangelismo realizada nos quatro países e a vitória brasileira em poder levar ajuda (alimento, roupa e dinheiro) ao povo de Myammar, além do próprio testemunho de um líder muçulmano na Malásia, que na despedida da equipe disse: "O mundo tem milhões de pessoas, e são poucos os que fazem caridade e que se dispõe a ajudar e abençoar os mais necessitados.Vocês estão entre esses poucos, que conseguem traduzir o amor em ações de ajuda ao próximo".

Ao final, Nelson Cortês ouviu do elenco esportivo formado por Valdecir, Fábio Freitas, Cleber Lima, Biro, Celso, Axel, Paulo Cruz, Zé Carlos, Paulinho Kobayashi, Deivid, Batista, Sílvio, Paulo Sérgio, Pereira, Giovanni, Ramalho, Guilherme, e o técnico Ricardo Ximenes, o significado dessa missão em suas vidas, e resume tudo nas palavras do atleta Paulinho Kobayashi: "Poder obedecer a Deus e desfrutar da alegria de abraçar cada um daqueles homens e mulheres, crianças e jovens que tiveram sua terra varrida por ondas de 5 metros e viram destruídas suas casas e lavoura, e mostrar que Jesus os ama, foi o golaço mais inesquecível que poderíamos marcar em toda a nossa vida".

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