domingo, 6 de fevereiro de 2011

Epistola de Asaph Borba aos irmãos da igreja no Brasil

O objeto deste artigo não é minha impressão sobre a grandiosidade arquitetônica da cidade, nem sobre sua história, mas é a IGREJA. Não, esta igreja que no decorrer da história pode mudar de nome ou de religião, mas a verdadeira Igreja, aquela que o Senhor Jesus disse, “estou edificando,... e as portas do inferno não podem subsistir contra ela”.

Epístola de Asaph aos irmãos da Igreja no Brasil

Queridos Irmãos,

Manhã de oito de junho de 2010, a chuva cai sobre Istambul, cidade mais importante da Turquia, metrópole de quase 10 milhões de habitantes, cuja idade não se pode precisar de tão antiga. Na minha frente posso ver garbosa a milenar catedral transformada em mesquita, Santa Sofia, construída no ano 700 da era cristã. Mais adiante, as torres e minaretes da Mesquita Azul, uma obra magnífica que visitei no dia anterior e que tira o fôlego, à primeira vista. À minha esquerda, mesmo com a visão embaçada pela chuva, avisto o Bósforo, canal estreito que divide a cidade, o país e os continentes, Europa e Ásia, que corre tranqüilo entre os mares Negro e Mediterrâneo.



O morro onde estou escrevendo este artigo, é a parte mais antiga da cidade, onde durante o dia transitam pelas ruas, de forma ininterrupta, milhares de turistas de todas as partes do mundo, consumindo suvenires, tapetes, especiarias exóticas, comida típica, e principalmente cultura, não uma cultura qualquer , mas uma cultura acumulada em milênios de história de guerra e paz, destruição e prosperidade. Cultura esta, que no decorrer dos séculos negou-se a morrer e desaparecer como tantas outras.

Mas o que mais me impressiona em Istambul é a sua história. Neste mesmo morro em que estou junto ao Canal de Bósforo, passaram mais de 10 diferentes impérios, e a cidade já mudou de nome muitas vezes, e os que mais conhecemos são Bizâncio e Constantinopla. Foi aqui que o Império Romano partiu-se ao meio, que a Igreja Católica dividiu-se também, ao ponto de por muito tempo existirem dois Papas, um em Roma e outro aqui, em Bizâncio, que gerou o Império Bizantino. Foi aqui também que a Idade Média acabou, quando a cidade caiu nas mãos dos muçulmanos, dando origem ao longo Império Otomano, que extirpou quase por inteiro a influência cristã na região onde estavam as primeiras Igrejas e de onde o Cristianismo espalhou-se pelo mundo. Das sete igrejas citadas nas cartas do Apocalipse, cinco estão aqui em volta na Turquia, e por um período, todas estiveram sobre a influência e domínio Otomano.

O objeto deste artigo não é minha impressão sobre a grandiosidade arquitetônica da cidade, nem sobre sua história, mas é a IGREJA. Não, esta igreja que no decorrer da história pode mudar de nome ou de religião, mas a verdadeira Igreja, aquela que o Senhor Jesus disse, “estou edificando,... e as portas do inferno não podem subsistir contra ela”. Na minha frente jaz uma das mais imponentes “Igrejas” construídas pelo homem e que no decorrer do tempo deixou de ser “Igreja” para ser Mesquita e hoje é um grande museu, que narra a história de um passado que perdeu a vida. No morro onde estou, acampavam-se em volta da cidade, construída em volta da “Igreja”, os devotos cruzados. Estes eram cristãos que aos bandos vinham da Europa, convocados pelos papas de Roma e de Constantinopla para ajudar na reconquista de Jerusalém, que já havia sido conquistada pelos árabes, assim como Damasco e as demais cidades da região. E foi aqui também que a Igreja perdeu seu foco de ser Igreja, para ser exército, deixando de amar a Deus e aos homens, e matou em nome da fé. Foi aqui onde o primeiro banho de sangue inocente de milhares de pessoas, jorrou em nome da fé evangélica, dando origem ao ódio que subsiste até hoje. Mas antes das cruzadas, foi aqui que a idolatria se multiplicou, pois quando os papas foram perdendo a fé verdadeira em Deus e em Cristo, passaram a necessitar de santos, imagens e construções para agregar valor à sua devoção perdida.

Foi também, em Constantinopla que os rituais se firmaram ao credo, isto é, para alcançar a Deus tinha que se realizar alguma coisa, pagar alguma coisa. Foi aqui que a graça deixou de ter valor para a salvação, onde o ser era apenas uma conseqüência do que se fazia para Deus, não importando a vida e o coração.

A Igreja aqui hoje é pequena, um dos menores índices nos países muçulmanos. Vale ressaltar que os turcos, assim como os iranianos, não são árabes, mas são muçulmanos. O número de cristãos, incluindo ortodoxos, as minorias evangélicas e cópticas, não passa de 15 mil em todo o país, de quase 80 milhões de pessoas. Em Istambul, onde está o maior número, são aproximadamente 25 pequenos grupos de não mais de 100 pessoas cada. A maioria está escondida, pois há controle e perseguição, e qualquer esforço cristão é há séculos inibido. A subsistência da Igreja é absolutamente um fruto da Graça e misericórdia de Deus. De todos os lugares por onde tenho passado parece que aqui é onde as portas do inferno estão mais próximas. Muitos pastores têm sido jurados de morte e têm que viver debaixo de proteção policial. O governo faz vistas grossas. Legalmente a Igreja é livre, mas de fato e de verdade é perseguida, é morta e constantemente humilhada.

Porém as histórias de morte e destruição, como já mencionei, por aqui são antigas, e por muito tempo quem perseguiu e matou foram os chamados cristãos. Desde a queda de Constantinopla em 1453, a perseguição virou de lado, são os muçulmanos que matam, queimam e destroem tudo aquilo que cheira a cristianismo.
Há lugares que parecem estar esquecidos pela Igreja no mundo, e este aqui é um deles. Existem menos de 10 discos de música Cristã na língua Turca e eu não ouvi nenhum, pois quase todos estão esgotados. Os livros cristãos em Turco são pouquíssimos, e eu nunca os vi tampouco. O investimento missionário aqui é 10 vezes menor do que em qualquer outra grande nação como, Egito, Índia e China.

Por isso eu creio que a Igreja no Brasil, muito pode fazer por esta terra. A primeira é lembrar, a segunda é orar e a terceira é cada um de nós estar atento para o mover missionário nessa direção.
Há 13 anos Deus me trouxe para Amman na Jordânia. Hoje já estamos trabalhando em quase todo o Oriente Médio. Ontem cheguei à Turquia e encontrei os primeiros irmãos. Coincidentemente, há um mês, pela primeira vez, um presidente do Brasil esteve aqui e as portas diplomáticas e culturais se abriram entre os dois países. Há um mês era necessário visto para brasileiros entrarem na Turquia, ontem já não precisava mais. Será que Deus está nisso ou é só coincidência? Minha vinda aqui também foi por obra divina, pois a única conexão disponível para mim, foi via Istambul, e sem saberem de minha viagem, meus queridos irmãos e companheiros de ministério Gerson Ortega (SP/Brasil) e Mike Herron (USA), me enviaram os contatos com os quais me encontrei aqui.
Portanto, meus irmãos, vamos começar pelo primeiro passo: lembrar e orar pela TURQUIA, pois sabemos que o próximo passo Deus nos dará.

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