quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A FESTA DE CASAMENTO por Roberto Lima


Estava pra começar um grande casamento num estádio de futebol. Muita gente foi convidada para aquele evento.

Os que chegavam iam direto para o portão de entrada, mas no caminho até o portão havia muitos cambistas (pessoas vestidas de igrejas – templos - religiões) oferecendo ingresso.

Um oferecia ingresso com pagamento de sábados. Outoa cobrava somente aparência de santidade. Outro cobrava dinheiro. Outro cobrava a associação de uma entidade. Outro alegava que você poderia comprar o ingresso e ficar rico. Outro dizia que se comprasse com ele você nunca ficaria doente. Outro dizia que mesmo você comprando o ingresso com ele seria muito difícil entrar no estádio.

O interessante é que se alguém comprasse o ingresso com qualquer cambista, eles indicavam sempre uma enorme e remendada escada que subia por fora do estádio até chegar a um ponto onde acabava a escada, e começava uma corda, e quando terminava a corda, cada um teria que mostrar o seu valor. “Daí por diante é com você meu amigo”, diziam os cambistas, “se você for bom o suficiente você com certeza vai chegar la´”.

No entanto, os que chegavam desavisados e não gostavam de cambistas iam direto nas bilheterias onde havia o aviso: ENTRADA FRANCA. Lá ele recebia um ingresso grátis, uma camiseta de torcida e uma vuvuzela (corneta) para utilizá-la no casamento.

Claro que a camiseta era vermelha, e a vuvuzela chamava-se ALEGRIA DA SALVAÇÃO.

Na volta das bilheterias até a entrada principal era terrível porque os cambistas tentavam dissuadí-lo daquilo dizendo que era mentira, que não era bem assim, que sempre se entrou no estádio através dos ingressos cambistas, que aquele ingresso era falso, que ele ia ser preso, que ele ia ser morto, que se ele não acreditasse nas regras dos cambistas ele não conseguiria entrar .

Quem não dava bola para os cambistas ia direto para a entrada, passava pela portaria e ia para o seu lugar na arquibancada... hehehehe... ele sabia que tinha um lugar reservado lá com o nome dele.

Alguns, mesmo que crendo, recebendo o ingresso, a camiseta e a vuvuzela ficavam intimidados com os cambistas. É nessa hora que, vendo esta situação os guardas da patrulha do Sargento J. Batista passavam para colocar a casa em ordem. Algumas vezes dava confusão com os cambistas, havia corre corre, havia revide, um bafafá. Tudo para eu o máximo de convidados entrasse na festa.

Alguns que não iam até a bilheteria e que queriam entrar como bicão, dando um jeitinho, sem o ingresso, eram impedidos de entrar. Embora a entrada fosse franca, o caminho que eles tinham escolhido não era o errado.

Mas lá dentro a festa estava linda, dava pra ouvir de longe a torcida gritando. O casamento logo vai acontecer e cambista lá não pode entrar, lá só entra gente.

Lá dentro tinha uma mistureira de gente. Tinha rico, pobre, gordo, magro, hétero, homo, ladrão, juiz, policial, bandido, assassino, assistente social, médico, monstro, mulçumano, batista, islâmico, católico, presbiteriano, pentecostal, espírita, universal, mulher, homem, criança, velho, esquimó, índio, branco, negro, amarelo e até roxinhos...

Mas não dava pra distinguir quem era quem... havia muita algazarra, muita festa e só se via aquele mar de gente com camisa vermelha. SÓ ISSO!
 
As apresentações eram feitas pelo Amigo do Noivo que tinha dado as instruções para cada convidado em como chegar ali. Talvez eles estejam só esperando você para começar a festa.

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