sexta-feira, 18 de março de 2011

Católicos e evangélicos lavam os pés uns dos outros


Mas ele levou esse desejo para o hotel.  Como  não  conseguisse  dormir e transpirasse acima do normal, passou aquela noite em oração. Uma voz forte, a mesma que Pedro havia
escutado depois de ter visto descer do céu aquele lençol cheio de animais impuros, falou com Giovanni: “Mata e come! Porque aqueles que você pensa que são impuros, eu os tornei puros para mim mesmo”. Ele percebeu que Deus o chamava para inaugurar um tempo de reconciliação na igreja cristã na Itália. Na manhã seguinte, novamente presente ao estádio de futebol onde o Congresso prosseguia, com muita humildade o pastor Traettino se ajoelhou diante de um padre da Igreja Católica e lavou-lhe os pés.

Naquela época, eu não tinha muita clareza sobre o que fosse pentecostal, evangélico ou carismático. Eu ignorava tudo isso. Bem, a primeira decisão que tomei, depois dessa palavra, imaginando que todas as portas à minha frente iriam se abrir, foi de visitar uma igreja evangélica pentecostal que havia na minha cidade. Mas quando me vi diante do pastor e me apresentei como católico carismático, ele simplesmente se recusou a me receber.

Na Itália sempre foi bastante complicada a relação entre católicos e evangélicos. Já tivemos muita competição. Fomos muito arrogantes uns com os outros. Produzimos feridas entre nós, fizemos muitas invenções circularem. Por isso tudo, de nossa parte, como católicos, queremos dizer a vocês hoje aqui presentes: “Perdoem-nos, porque não levamos a sério nem consideramos devidamente o projeto de Deus e a glória de Jesus na vida de vocês, evangélicos”.

O Senhor, naqueles tempos, começou a me inspirar até mesmo em sonhos, dando-me muitas visões sobre a reconciliação dos cristãos. Eu era apenas um jovem de 18, 19 anos que sonhava durante a noite com situações completamente estranhas e desconhecidas. Somente depois de muitos anos fui perceber que o Senhor estava me chamando ao ministério de reconciliação na sua igreja.


Até o final dos anos 70, não aconteceu muita coisa. Mas no início dos anos 80, um pastor chamado Giovanni Traettino me procurou. Ele me disse: “Eu escutei muito falar da sua comunidade, Matteo, a Comunidade de Jesus, e vim aqui para verificar as possibilidades de nós trabalharmos juntos”. Entendi que a profecia do pastor David du Plessis começava a se cumprir. Mas esse caminho de proximidade, de reconciliação entre católicos e evangélicos não era bem visto pelas autoridades das igrejas. De fato, a hierarquia das igrejas olhava isso

com muita suspeita.

Um dia, porém, eu tomei a decisão de convidar o pastor Traettino a pregar numa assembleia de católicos carismáticos. Era no estádio de futebol da minha cidade, Bari, onde estavam 20 mil católicos da Renovação adorando a Deus. Pela primeira vez na Itália, um pastor evangélico ministrava a Palavra na presença de um grupo católico. Naquele dia, aconteceu um verdadeiro Pentecostes. Ao final da pregação do primeiro dia, o pastor aproximou-se de mim e disse: “O Senhor está me inspirando a um gesto de reconciliação. Matteo, esta tarde eu quero lavar os pés de um irmão que represente a igreja católica”. Não pude deixar de lhe dizer: “Atenção, Giovanni, é melhor ter prudência. O que os seus irmãos evangélicos vão pensar? Essa tarde, se fizer isso, você vai pagar um preço muito


Naquele momento no estádio, eu senti o sangue de Jesus lavando todos os presentes. Num único gesto de humildade, o Senhor curou anos de ressentimentos, de mentiras, de ódio, de
dissensão, de distanciamento. 

A história do evangelismo na Itália é muito triste, cheia de perseguições, algumas delas muito violentas, sobre
tudo durante o período da ditadura de Mussolini, em que, segundo a lei, as comunidades evangélicas eram consideradas ilegais, clandestinas. É óbvio que era um regime social, fascista, e a Igreja Católica não queria isso.
alto”. 

Mas ao mesmo tempo a Igreja Católica não tinha tido forças de elevar a voz para defender os irmãos evangélicos. Quando o pastor Traettino lavou os pés de um representante católico, Deus lavou o ressentimento de muitos anos de exílio, de perseguições, de expulsões de pastores evangélicos, tribulação com a qual, em parte, os
católicos haviam contribuído ao se omitirem e não defenderem o direito dos irmãos evangélicos. Naquele momento, no estádio, enquanto o irmão Traettino perdoava aos católicos, o sangue de Jesus estava inaugurando um relacionamento novo, inédito entre um e outro grupo.

Depois de alguns meses, esse mesmo gesto de lavar os pés, de reconciliação, foi retribuído ao pastor. Estávamos num congresso carismático católico com 60 mil fiéis. Os bispos, e até mesmo cardeais, que tinham vindo para o evento se ajoelharam na presença do pastor e, em fila, um a um, beijavam-lhe os pés. Naquele momento, o sangue de Jesus, com sua força, veio e nos ligou, depois de curar muitas feridas. E esse mesmo espírito de reconciliação, desde então, foi-se difundindo em outras nações. E é um grande milagre do Espírito Santo o que nós hoje percebemos como um movimento de reconciliação entre os
cri
stãos em toda a América Latina.
Mensagem que o católico Matteo Calisi  compartilhou na Comunidade Evangélica Carisma em Osasco SP, no dia 19 de outubro de 2009. O padre Marcial Maçaneiro serviu-lhe como intérprete.

Leia a mensagem completa em http://www.gruponews.com.br/2011/01/o-ministerio-da-reconciliacao-um-basta-a-heranca-de-divisoes.html 

Fonte: Grupo News

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