domingo, 24 de julho de 2016

A descoberta de onde reside a verdadeira sabedoria por Brennan Manning


Com freqüência pensamos na sabedoria como na soma de conhecimento, percepção e aprendizado acumulado no processo de viver, mas a sabedoria a que me refiro aqui é nossa experiência existencial do amor do Cristo crucificado. Qual é a evidência que aponta para a fonte da verdadeira sabedoria? É a experiência pessoal de libertação do egocentrismo crônico. É a libertação pessoal da meiguice crônica. É a conscientização pessoal de que nada — nem o julgamento contrário dos outros, nem a percepção negativa de si mesmo; nem o passado escandaloso, nem o medo, a culpa, a autodepreciação ou mesmo a morte — pode arrancá-lo do amor de Deus tornado visível no Calvário. 

É isso que confirma onde reside a sabedoria.

Uma perda de fé no poder e na sabedoria de Deus, que é o amor de Cristo, tem levado a algumas estranhas aberrações no ministério. Uma delas é a idolatria da psicologia. Quero falar com cuidado aqui. Descobri na psicoterapia uma ferramenta valiosa na compreensão de mim mesmo e do mundo em que vivo. Alguns anos atrás, quando Roslyn e eu estávamos com dificuldades, dois psiquiatras — um cristão e um judeu — concederam-me enorme discernimento sobre mim mesmo e os padrões repetitivos de comportamento, com raízes em minha infância, que afetavam negativamente meu casamento.

Mas a terapia não substitui o evangelho. Seu poder de cura é insignificante comparado ao poder e à sabedoria do Senhor crucificado.

O psiquiatra Robert Coles, de Harvard, pergunta: "Por que a psiquiatria encontrou tamanha autoridade intelectual e mesmo moral entre o clero?". Coles prossegue narrando o que considero ser a arrepiante história da visita de um sacerdote a um homem hospitalizado com uma doença crônica. 

Quando o padre perguntou: "Como estão as coisas?", o homem doente respondeu: "Tudo bem", dando a entender que não queria se estender mais sobre o assunto. O padre simplesmente recusou-se a aceitar a resposta e insistiu numa linha de sondagem e questionamento a respeito do estado psicológico do homem. 

A intenção do padre era sem dúvida boa, mas, quando ele saiu, o paciente estava indignado. O homem queria conversar com o sacerdote sobre Deus e sobre seus caminhos, sobre a vida e a morte de Cristo, sobre o céu e a salvação, e o que conseguiu foi ser assediado repetidamente por palavras e frases de psicologia. Em sua totalidade, aquelas palavras e frases representavam uma declaração, uma insinuação: "Você está sob risco psicológico, e é isso que eu, sacerdote ordenado da Igreja Católica Romana, aprendi a considerar mais importante do que qualquer outra coisa na presença de uma pessoa como você".

O paciente estava transtornado: "Ele vem aqui com um colarinho de sacerdote e me oferece banalidades psicológicas como Palavra de Deus". O sacerdote estava hipnotizado pela mente e por seus mecanismos psicológicos, mas não estava alerta à situação do homem à luz da eternidade.

Coles conclui: "Fico me perguntando se a lama mais imunda, as águas mais profundas possam ser encontradas, para muitos ministros, no mundo sombrio e solipsista que muitos de nós aprenderam a achar interessante: os humores da mente, os vários estágios e as fases do desenvolvimento humano, todos tratados (Deus nos livre) como se fossem estações da cruz".

Quero dizer isto do modo mais claro e contundente possível: quando eu estiver morrendo, não quero um psicólogo amador; quero um sacerdote ou ministro que saiba o que está fazendo. Quero um homem ou uma mulher que tenha lutado honestamente com sua fé e ainda assim tenha se apegado a Jesus. Quero alguém que olhe longa e amorosamente para o Cristo crucificado.

Quero um curador ferido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário