domingo, 14 de agosto de 2016

Aluno, Apóstolo, Amigo - Um novo paradigma para o discipulado de Jesus - parte 1


Jesus começou seu ministério pregando o arrependimento: Mateus 4:17 – “Desde então começou Jesus a pregar: Arrependei-vos, pois está próximo o reino dos céus."
A palavra Arrependimento não está associado com a culpa, mas com a expansão da nossa consciência. Arrependimento é mudar a forma de entender a Deus, seus caminhos e seus propósitos e concordar com Ele.
Mas se João Batista e Jesus chamava o povo ao arrependimento, era como se eles estivessem chamando o povo para entender o Reino de Deus de uma forma diferente daquela que eles entenderam até aquele momento.
Embora sejam poucas as passagens que mostrem no que consistia a pregação de João Batista, com Jesus podemos nos fartar e entender para quais mudanças Ele chamava o povo.
Em Mateus 5 a 7 temos a pregação de Jesus, a chamada para o arrependimento, do que Ele queria que se arrependessem.
Jesus explicou quem eram os bem-aventurados para Deus: O pobre de espírito, o que chora, o manso, os famintos e sedentos de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os pacificadores, os que sofrem por causa da justiça. E o interessante é que qualquer pessoa do mundo poderia ser a pessoa acima citada. Qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo, de qualquer religião poderia fazer parte das pessoas acima citadas. Com isso Jesus tira a importância e o foco da religião e coloca no coração de cada um e nas suas atitudes com relação às suas próprias vidas e a Deus.
Jesus explicou quem é o sal da terra e a luz do mundo: todos os que estavam ouvindo Ele. Não só os discípulos, mas toda aquela multidão. Ele explica que todos somos responsáveis pelo mundo em que vivemos. Todos somos chamados para preservação e iluminação neste mundo, quer seja com uma palavra, com uma ação de bondade ou de justiça, amando as pessoas, cuidando dos necessitados, agindo com justiça. Tudo isso ressalta o sal e a luz que Deus colocou dentro dos homens.
A partir do verso 17 ele começa a mostrar como é o cumprimento da lei, como é que Ele e todos estariam cumprindo a lei, e faz a comparação entre o que se dizia antes dele e o que Ele dizia. E mostra a realidade das leis do Reino de Deus: 
Antes - Assassino era o que matava alguém; 
Agora - Também quem odeia, se encoleriza sem motivo; quem menospreza o outro.
Antes - Adúltero era o homem casado que tinha relações sexuais com outra mulher; 
Agora - Também o homem que olha com desejo impuro e fala do homem que faz com que a mulher se torne adúltera.
Antes - O juramento era algo que deveria ser cumprido; 
Agora - Ninguém era capaz de fazer um juramente e dar fiança para cumprimento.
Antes - A lei era a da retribuição, da vingança; 
Agora - É a lei do amor.
E tem muito mais. Ele vai reinterpretando a forma de jejuar, de dar esmolas, de orar, e muitas outras coisas. A maioria das disciplinas espirituais foram redefinidas por Jesus.
E por que tudo isso? Porque o Reino dos Céus chegou à terra. Aquilo que os homens conheciam somente em parte ficaria obsoleto ante a toda revelação de Jesus, o Filho de Deus.
Ariovaldo Ramos (RAMOS, 2011) esclarece com mais precisão o que Jesus estava dizendo quando chamava o povo ao arrependimento: 

Mudem a maneira de entender a Deus e seus propósitos e concordem com esta mudança, porque estou aqui para mostrar o que verdadeiramente é o reino de Deus.

Vemos que para anunciar esse reino de consciência, Jesus decidiu se utilizar do discipulado como forma de evangelização e mudar o mundo.

E aconteceu que naqueles dias subiu ao monte a orar, e passou a noite em oração a Deus. E, quando já era dia, chamou a si os seus discípulos, e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos: Simão, ao qual também chamou Pedro, e André, seu irmão; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelote; E Judas, irmão de Tiago, e Judas Iscariotes, que foi o traidor. Lucas 6:12-16

Para Juan Carlos Ortiz (1980, p.6):

Discípulo é aquele que segue a Jesus Cristo. Ser cristão não significa automaticamente ser discípulo, embora os cristãos sejam membros do Reino de Deus. Seguir a Cristo implica em aceitá-lo como Senhor; significa servi-lo como um escravo. Também significa amar e louvar.

Em abril de 1944, um ano antes de sua morte, quando era prisioneiro num campo de concentração em Flossenburg, Alemanha, Bonhoeffer escreveu:

"O que está me incomodando muito é a questão de saber o que o cristianismo realmente é, ou de fato o que Cristo é para nós hoje". Essa é a pergunta que cada um de nós deve proferir por si mesmo. Quem é Jesus? O que o discipulado envolve em nossos dias? Tudo o mais é distração.

Brennan Manning (MANNING, 2008, P.10) relaciona a disposição em nos colocar como discípulos de Jesus como resposta ao seu amor e graça demonstrado por nós.

O discipulado é nossa resposta à graça. Qualquer que seja a medida de graça que tenhamos recebido, e não importa o grau de discipulado para o qual fomos chamados, todo cristão está debaixo da cruz de Jesus Cristo, onde encontra salvação.  

O discipulado de Jesus tinha claro 3 grandes objetivos:
a)    Treinar os discípulos em tarefas naturais simples – Como preparar lugar para a ceia, comprar alimento, distribuir pães; e também de evangelização com o poder de Deus - Pregar o evangelho, curar os doentes, expulsar os demônios e ressuscitar os mortos;
b)    Ajuda-los a ter uma compreensão adequada acerca de Deus, seus propósitos e do Seu Reino - Através dos seus ensinos Jesus mostrou a diferença de interpretação entre a dele e a dos doutores da lei a respeito das escrituras, acrescentou as revelações do reino de Deus, mostrando o tempo todo a essência de sua mensagem: o amor;
c)    Desenvolver vínculos de amizade aliançada – Ao chamá-los de amigos quase no final de seu ministério, Jesus elucida um dos objetivos de seu trabalho. Com o discipulado Deus espera que nunca lhe faltam amigos na Terra. Pessoas que Ele possa compartilhar seus segredos, mas também suas dores e decisões. Pessoas que serão capazes de levar a sua cruz e segui-lo até a morte se for o caso.

Desses objetivos tiramos as 3 palavras chaves: Aluno, Apóstolo e Amigo. 

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