sábado, 20 de agosto de 2016

Aluno, Apóstolo, Amigo - Um novo paradigma para o discipulado de Jesus - parte 4


AMIGOS 

Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido. João 15:15-15

No caminho, Jesus era o amigo que convivia, alegrava-se e sofria com seu discipulado. Dentro dessa convivência, eles se constituíram. Muitos pequenos gestos refletem o testemunho de vida com que Jesus marcava presença na vida dos discípulos: o seu jeito de ser e de conviver com eles, de relacionar-se com as pessoas e de acolher o povo que o procurava. Era a maneira de ele dar forma à sua experiência com Deus Pai (MESTERS, 2004, p. 45).
Eis algumas características do mestre que se dá a conhecer no caminho da vida (MESTERS, 2004, p. 45-46):
- amigo, compartilhava tudo, até mesmo o segredo do Pai (Jn 15, 15);
- carinhoso, provocava respostas fortes de amor (Lc 7, 37-38; Mc 14, 3-9; Jo 13, 1);
- atencioso, preocupava-se com a alimentação dos discípulos (Jo 21, 9), cuidava do descanso deles e procurava estar a sós com eles para descansar (Mc 6, 31);
- inspirava paz e reconciliação: "A Paz esteja com vocês!" (Mt 10, 26-33; Mt 18, 22; Mt 18, 18);
- compreensivo, aceitava os discípulos do jeito que eram, até mesmo a fuga, a negação e a traição, sem romper com eles (Mc 14, 27-28);
- comprometido, defendia os amigos quando criticados pelos adversários (Mc 2, 18-19);
- realista e observador, despertava a atenção dos discípulos para as coisas da vida por meio do ensino das parábolas (Lc 8, 4-8);
- livre e liberto, despertava liberdade e libertação: "O ser humano não foi feito para o sábado, mas o sábado para o ser humano!" (Mc 2, 27);
- misericordioso, manso e humilde, convidava os pobres: "Venham todos a mim" (Mt 11, 28);
- preocupado com a situação do povo, esquecia o próprio cansaço, para acolher a quem o procurasse (Mt 9, 36-38);
- sábio, conhecia a fragilidade do ser humano, sabia o que se passava no seu coração e, por isso, insistia na vigilância e ensinava-o a rezar (Lc 11, 1-13; Mt 6, 5-15); 
- homem de oração, orava em todos os momentos importantes de sua vida e despertava nos outros vontade de rezar: "Senhor, ensina-nos a orar!" (Lc 11, 14; Lc 4, 1-13; 6, 12-13; Lc 23, 46; Mc 15, 34).
Desse modo, Jesus encarnava o amor de Deus e o revelava aos discípulos (Mc 6,31; Lc 15,11-32), para quem se tornou uma pessoa significativa e os marcou fortemente como "caminho, verdade e vida" (Jo 14,6) (MESTERS, 2004, p. 46). Seguir o caminho de Jesus supõe, portanto, a participação no seu ministério de anúncio da Boa Nova do Reino de Deus. Isso fazia parte do processo formador, pois a missão constituía a razão de ser do grupo que ao redor de Jesus: formar amigos.
Pedro Arruda (2016, p.21) diz:

Ser discípulo de Jesus... é estar num curso, ser treinado para alguma coisa. Jesus é um Mestre especializado na formação de amigos. Seu curso é uma aprendizagem de como desenvolver amizades sólidas e contagiantes, baseadas em amor de aliança. O alvo é criar círculos de amizade e amor que vão-se expandindo cada vez mais. A estratégia por trás de tudo é o amor.


Esta abordagem que Pedro Arruda e também de Asher (INTRATER, 1989) trazem do discipulado é nova e surpreendente pois não foca o discipulado no crescimento da igreja, nem no desenvolvimento de novos convertidos, nem na manutenção dos membros das igrejas, mas tem forte ênfase no envolvimento pessoal visando a criação de laços de amizade voltados para relacionamentos de aliança.
Isso realmente é um novo paradigma, porque se o objetivo é esse, todo o caminho, todas as etapas do discipulado devem ter também outro enfoque.
Pedro Arruda (2016, p. 12,13) fala acerca do objetivo final do discipulado de Jesus, e descortina algo que parecia não tão evidente, e por isso ao longo de muitos anos o discipulado ficou somente nos dois pontos iniciais. Descobrir que Jesus queria transformar seguidores em amigos nos dá um novo paradigma para o discipulado, visto que entendemos que Deus está procurando amigos para compartilhar o seu coração.

Portanto, embora não ficasse muito evidente no início, o objetivo de Jesus, desde o dia em que chamou Pedro, André, João, Tiago, Mateus e os demais, era fazer deles seus amigos. Começou a andar com eles para todo lado, nas casas, na praia, no mar, nas cidades, acampando, dormindo, comendo e vivendo juntos. Ostensivamente, ele os ensinava a pregar, curar, expulsar demônios e outras funções do ministério, típicas da nossa atividade na igreja hoje. Porém, na realidade, Jesus tinha um objetivo mais elevado: “Vou fazer destes homens meus amigos”.

Pedro Arruda (2016, p. 29,30) encerra o seu entendimento sobre o discipulado unindo a necessidade de poder do Espírito Santo com o objetivo da amizade com Jesus.

Portanto, não somos apenas portadores de uma mensagem, trazemos em nossa companhia alguém – um Amigo para ser apresentado às pessoas.
... ser revestido do Espírito Santo precede a missão, que, na verdade, consiste em levar a pessoa de Jesus, não apenas um recado dele.


Pedro Arruda acrescenta que somos amigos que desenvolvem mais amigos para Deus.


5 Considerações Finais

Todo o trabalho mostra a obra de 3 anos e meio de Jesus, e ela foi perfeita e é a ideal para que o reino de Deus seja implantado na Terra segundo a vontade de Deus. No discipulado de Jesus temos o reino de Deus governado por Deus, e tendo nós como um reino de sacerdotes, amigos de Deus que o representam e o apresentam.
Como ALUNOS o discipulado tem seu caráter de desconstrução do pensamento vigente e a construção de uma nova consciência. As tarefas desenvolvem responsabilidade e confiabilidade. A utilização de poder e autoridade concedidos por Jesus, manifestando a evidência que o reino de Deus chegou, favoreceram o despertar de todas as falhas de caráter do coração deles as quais Jesus trabalhou todo o tempo.
Como APÓSTOLOS, visa preparar para o envio, recebendo orientação de Deus acerca da obra a ser realizada e com que coração e motivação serão realizados. O governo de Deus segundo a orientação de Deus através de homens confiáveis.
O ponto de chegada do discipulado é formar AMIGOS. Pessoas que possam fazer parte das necessidades de Deus. Orar junto, estar com Ele, compartilhar as coisas do Seu coração e Suas decisões.
Mike Bickle (do ministério IHOP – Casa de Oração Internacional) sintetizou essa verdade muito bem quando disse (ARRUDA, 2016, p.66):

“Há dois tipos de pessoas no Corpo de Cristo – os que amam e os que trabalham. Os que amam sempre conseguem realizar mais do que aqueles que focam somente no trabalho”. Os que amam conseguem realizar mais na esfera de obediência do que os escravos. Isso é porque têm acesso a uma fonte superior de recursos no coração, disponíveis somente na esfera de paixão, intimidade e amizade. ”

Assim sendo, nossa obra no discipulado tem a ver com ajudar as pessoas a entenderem seu propósito através de conhecerem mais a Deus e os dons e ministérios que ela tem. Serem treinadas em fazer a obra de Deus, com tarefas onde a disciplina é estimulada e o desempenho e reações são utilizados para desenvolvimento do caráter visando confiabilidade e amor compassivo por todos os homens.
O estímulo a exercer o seu sacerdócio perante Deus deve prepara-lo para ser testemunha em todo o lugar onde ele estiver, quer seja em casa, na sua comunidade, na sua cidade, país ou qualquer região da terra. Assim sendo, mais do que contar com a ajuda do discipulador, ele deve desenvolver a sua comunhão com Deus a ponto de receber diretamente dele suas orientações. A nossa obra deve permitir e antever que os alunos que temos um dia irão embora e deverão estar preparados para viverem bem sem nós, pois o objetivo é formar discípulos de Jesus e não nossos. E como nossos filhos, eles devem ser preparados para fazerem obras maiores que as nossas.
Por fim, nossos discípulos crescerão, e devemos incentivá-los a irem mais longe com Deus, mais fundo, amparando com a nossa vida a decisão deles de seguir a Jesus até o fim.
E, se conseguirmos tê-los como amigos, teremos chegado, com louvor, ao fim do nosso trabalho, como Jesus:

Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito. Isaías53:11a

6 Referências Bibliográficas

ANSTEY, Bruce. God’s order for christians meeting together for worship and ministry, Canadá, Christian Truth Publishing, Junho de 1993.
ARRUDA, Pedro. Amigos do Mestre. Americana, SP: Impacto Publicações, 2016.
D´ARAÚJO Filho, Caio Fábio. Jesus Nunca Não Amou. Acesso em 15 de julho de 2016, disponível em http://caiofabio.net/conteudo.asp?codigo=06354.
INTRATER, Asher. Covenant Relationships: A Handbook for Integrity and Loyalty, Destiny Image Publishers, Shippensburg, PA, 1989.
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LAGO, Daniel (2016). NAPC - Apologética Cristã. Acesso em 02 de julho de 2016, disponível em www.napec.org: http://www.napec.org/vida-crista/quando-a-igreja-nao-serve-para-nada/#more-4459.
MANNING, Brennan. A Assinatura de Jesus. 2ª. Edição, Belo Horizonte. Editora Mundo    Cristão, 2008.
MESTERS, Carlos. Jesus formador: bebendo na fonte – 2. Rio de Janeiro: s/ed., 2004.
NOBRE, J. (16 de Abril de 2011). Acesso em 03 de julho de 2016, disponível em Servindo com a Palavra: http://www.servindocomapalavra.com.br/dinamic3/index.php/textos-publicados/pastoral/13-os-dons-do-espirito-e-a-igreja-atual.
ORTIZ, Juan Carlos. O discípulo. Tradução de Myrian Talitha Lins, Sexta edição, Editora Betânia, Venda Nova, MG,1980.
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SCHNEIDER, Mauro Nilo (2015). Portal dos Luteranos. Acesso em 06 de julho de 2016, disponível em http://www.luteranos.com.br/conteudo_organizacao/uruguai/a-estrategia-das-perguntas-inteligentes-no-ministerio-de-jesus-2.

SNYDER, H. A. (1986). The problem of Wineskins. (Cap. 10), Rubiataba, Goiás. Traduzido com autorização e permissão de InterVarsity Press.

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