AMIGOS
Já não os chamo servos,
porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho
chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido. João 15:15-15
No caminho, Jesus era o amigo que
convivia, alegrava-se e sofria com seu discipulado. Dentro dessa convivência,
eles se constituíram. Muitos pequenos gestos refletem o testemunho de vida com
que Jesus marcava presença na vida dos discípulos: o seu jeito de ser e de
conviver com eles, de relacionar-se com as pessoas e de acolher o povo que o
procurava. Era a maneira de ele dar forma à sua experiência com Deus Pai
(MESTERS, 2004, p. 45).
Eis algumas características do mestre
que se dá a conhecer no caminho da vida (MESTERS, 2004, p. 45-46):
- amigo, compartilhava tudo, até mesmo o segredo do Pai
(Jn 15, 15);
- carinhoso, provocava respostas fortes de amor (Lc 7,
37-38; Mc 14, 3-9; Jo 13, 1);
- atencioso, preocupava-se com a alimentação dos
discípulos (Jo 21, 9), cuidava do descanso deles e procurava estar a sós com
eles para descansar (Mc 6, 31);
- inspirava paz e reconciliação: "A Paz esteja com
vocês!" (Mt 10, 26-33; Mt 18, 22; Mt 18, 18);
- compreensivo, aceitava os discípulos do jeito que eram,
até mesmo a fuga, a negação e a traição, sem romper com eles (Mc 14, 27-28);
- comprometido, defendia os amigos quando criticados
pelos adversários (Mc 2, 18-19);
- realista e observador, despertava a atenção dos
discípulos para as coisas da vida por meio do ensino das parábolas (Lc 8, 4-8);
- livre e liberto, despertava liberdade e libertação:
"O ser humano não foi feito para o sábado, mas o sábado para o ser
humano!" (Mc 2, 27);
- misericordioso, manso e humilde, convidava os pobres:
"Venham todos a mim" (Mt 11, 28);
- preocupado com a situação do povo, esquecia o próprio
cansaço, para acolher a quem o procurasse (Mt 9, 36-38);
- sábio, conhecia a fragilidade do ser humano, sabia o
que se passava no seu coração e, por isso, insistia na vigilância e ensinava-o
a rezar (Lc 11, 1-13; Mt 6, 5-15);
- homem de oração, orava em todos os momentos importantes
de sua vida e despertava nos outros vontade de rezar: "Senhor, ensina-nos
a orar!" (Lc 11, 14; Lc 4, 1-13; 6, 12-13; Lc 23, 46; Mc 15, 34).
Desse modo, Jesus encarnava o amor de
Deus e o revelava aos discípulos (Mc 6,31; Lc 15,11-32), para quem se tornou
uma pessoa significativa e os marcou fortemente como "caminho, verdade e
vida" (Jo 14,6) (MESTERS, 2004, p. 46). Seguir o caminho de Jesus supõe,
portanto, a participação no seu ministério de anúncio da Boa Nova do Reino de
Deus. Isso fazia parte do processo formador, pois a missão constituía a razão
de ser do grupo que ao redor de Jesus: formar amigos.
Pedro
Arruda (2016, p.21) diz:
Ser discípulo de Jesus... é estar num curso,
ser treinado para alguma coisa. Jesus é um Mestre especializado na formação de
amigos. Seu curso é uma aprendizagem de como desenvolver amizades sólidas e
contagiantes, baseadas em amor de aliança. O alvo é criar círculos de amizade e
amor que vão-se expandindo cada vez mais. A estratégia por trás de tudo é o
amor.
Esta
abordagem que Pedro Arruda e também de Asher (INTRATER, 1989) trazem do
discipulado é nova e surpreendente pois não foca o discipulado no crescimento
da igreja, nem no desenvolvimento de novos convertidos, nem na manutenção dos
membros das igrejas, mas tem forte ênfase no envolvimento pessoal visando a
criação de laços de amizade voltados para relacionamentos de aliança.
Isso
realmente é um novo paradigma, porque se o objetivo é esse, todo o caminho,
todas as etapas do discipulado devem ter também outro enfoque.
Pedro Arruda (2016, p. 12,13) fala acerca do
objetivo final do discipulado de Jesus, e descortina algo que parecia não tão
evidente, e por isso ao longo de muitos anos o discipulado ficou somente nos
dois pontos iniciais. Descobrir que Jesus queria transformar seguidores em
amigos nos dá um novo paradigma para o discipulado, visto que entendemos que
Deus está procurando amigos para compartilhar o seu coração.
Portanto, embora não ficasse muito evidente no
início, o objetivo de Jesus, desde o dia em que chamou Pedro, André, João,
Tiago, Mateus e os demais, era fazer deles seus amigos. Começou a andar com
eles para todo lado, nas casas, na praia, no mar, nas cidades, acampando,
dormindo, comendo e vivendo juntos. Ostensivamente, ele os ensinava a pregar,
curar, expulsar demônios e outras funções do ministério, típicas da nossa
atividade na igreja hoje. Porém, na realidade, Jesus tinha um objetivo mais
elevado: “Vou fazer destes homens meus amigos”.
Pedro Arruda (2016, p. 29,30) encerra o seu
entendimento sobre o discipulado unindo a necessidade de poder do Espírito
Santo com o objetivo da amizade com Jesus.
Portanto, não somos apenas portadores de uma
mensagem, trazemos em nossa companhia alguém – um Amigo para ser apresentado às
pessoas.
... ser revestido do Espírito Santo precede a
missão, que, na verdade, consiste em levar a pessoa de Jesus, não apenas um
recado dele.
Pedro Arruda acrescenta que somos amigos que desenvolvem
mais amigos para Deus.
5
Considerações Finais
Todo o trabalho mostra a obra de 3 anos e meio de
Jesus, e ela foi perfeita e é a ideal para que o reino de Deus seja implantado
na Terra segundo a vontade de Deus. No discipulado de Jesus temos o reino de
Deus governado por Deus, e tendo nós como um reino de sacerdotes, amigos de
Deus que o representam e o apresentam.
Como ALUNOS o discipulado tem seu caráter de
desconstrução do pensamento vigente e a construção de uma nova consciência. As
tarefas desenvolvem responsabilidade e confiabilidade. A utilização de poder e
autoridade concedidos por Jesus, manifestando a evidência que o reino de Deus
chegou, favoreceram o despertar de todas as falhas de caráter do coração deles
as quais Jesus trabalhou todo o tempo.
Como APÓSTOLOS, visa preparar para o envio,
recebendo orientação de Deus acerca da obra a ser realizada e com que coração e
motivação serão realizados. O governo de Deus segundo a orientação de Deus
através de homens confiáveis.
O ponto de chegada do discipulado é formar AMIGOS.
Pessoas que possam fazer parte das necessidades de Deus. Orar junto, estar com
Ele, compartilhar as coisas do Seu coração e Suas decisões.
Mike Bickle (do ministério IHOP – Casa de Oração
Internacional) sintetizou essa verdade muito bem quando disse (ARRUDA, 2016,
p.66):
“Há dois tipos de pessoas no Corpo de Cristo – os
que amam e os que trabalham. Os que amam sempre conseguem realizar mais do que
aqueles que focam somente no trabalho”. Os que amam conseguem realizar mais na
esfera de obediência do que os escravos. Isso é porque têm acesso a uma fonte
superior de recursos no coração, disponíveis somente na esfera de paixão,
intimidade e amizade. ”
Assim sendo, nossa obra no discipulado tem a ver
com ajudar as pessoas a entenderem seu propósito através de conhecerem mais a
Deus e os dons e ministérios que ela tem. Serem treinadas em fazer a obra de
Deus, com tarefas onde a disciplina é estimulada e o desempenho e reações são
utilizados para desenvolvimento do caráter visando confiabilidade e amor
compassivo por todos os homens.
O estímulo a exercer o seu sacerdócio perante Deus
deve prepara-lo para ser testemunha em todo o lugar onde ele estiver, quer seja
em casa, na sua comunidade, na sua cidade, país ou qualquer região da terra.
Assim sendo, mais do que contar com a ajuda do discipulador, ele deve
desenvolver a sua comunhão com Deus a ponto de receber diretamente dele suas
orientações. A nossa obra deve permitir e antever que os alunos que temos um
dia irão embora e deverão estar preparados para viverem bem sem nós, pois o
objetivo é formar discípulos de Jesus e não nossos. E como nossos filhos, eles
devem ser preparados para fazerem obras maiores que as nossas.
Por fim, nossos discípulos crescerão, e devemos incentivá-los
a irem mais longe com Deus, mais fundo, amparando com a nossa vida a decisão
deles de seguir a Jesus até o fim.
E, se conseguirmos tê-los como amigos, teremos
chegado, com louvor, ao fim do nosso trabalho, como Jesus:
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